Oi contrata a Moelis & Co. para renegociar com credores
A Oi avisou ao mercado nesta quinta-feira, a contratação da consultoria financeira Moelis & Co. A empresa diz que a assessoria foi chamada para “auxiliá-la em tratativas com credores da Companhia visando otimizar o seu perfil de endividamento”. A empresa, no entanto, não dá detalhes dessas tratativas, nem explica porque é necessário renegociar os valores já definidos até aqui no processo de recuperação.
A tele, que fechou agosto com R$ 3,16 bilhões em caixa, depois de ver a rubrica encolher em R$ 1,4 bilhão entre julho e agosto, afirma apenas que a otimização do perfil de endividamento está em linha com seu planejamento estratégico e com o plano de recuperação judicial.
“As tratativas a serem empreendidas pela Oi estão em consonância com a proposta apresentada e aprovada pelos credores da Companhia em Assembleia Geral de Credores realizada em 08 de Setembro de 2020 e visam garantir o seu compromisso em continuar a implementação de seu plano estratégico de crescimento no mercado brasileiro através do provimento de serviços de banda larga de alta velocidade, soluções corporativas e de TI e geração de novas receitas, além da busca continua por eficiência em custos”, diz a empresa, no comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários.
A operadora pediu proteção judicial de credores em junho de 2016, quando tinha, então, R$ 65 bilhões em dívidas. À época, a Moelis reuniu credores para uma negociação conjunta e chegou a trazer proposta de compra da Oi por um bilionário egípicio.
Desde então, aprovou um plano de recuperação em 2017 e um aditivo em 2020. Vendeu a unidade de telefonia celular às rivais Claro, TIM e Vivo, seus data centers, o controle da operação de fibra óptica (V.tal) a fundos do banco BTG, imóveis e cortou em 55% a dívida com a União derivada de multas da Anatel.
Em agosto deste ano, parecia que a empresa estava prestes a sair do processo de recuperação judicial, uma vez que tinha recebido a maior parte dos pagamentos referentes às transação da Oi Móvel, da V.tal. Chegou a informar ao Ministério Público do Rio de Janeiro que chegaria a R$ 11 bilhões de caixa em 2023, o que garantiria a capacidade de honrar pagamentos por ao menos três anos.
Mas o trio rival questionou a quantidade de clientes móveis existentes na carteira adquirida. A Vivo, por exemplo, disse nesta semana que desligou 3 milhões, de um total de 12,5 milhões, dos assinantes adquiridos da Oi. Com isso, o trio pede a devolução de R$ 3,2 bilhões à Oi. O caso foi para arbitragem na B3.
Além disso, a Oi informou que a transação da V.tal resultou em repasse de R$ 1,4 bilhão ao BTG Pactual, também devido ao não atendimento de metas. Mas explicou que tal custo não onerou o caixa pois já estava provisionado desde a assinatura do acordo.
A Oi vendeu recentemente, ainda, 8 mil torres fixas para a Highline explorar até 2025. E a unidade de TV paga por satélite pós-pago (DTH) à Sky por R$ 768 milhões. O primeiro negócio ainda precisa ser analisado pela Anatel por ter reflexos sobre a concessão de telefonia fixa, e pelo Cade. O segundo, pelo Cade apenas, uma vez que a Anatel informou não precisar anuir para transações no segmento de TV por assinatura.