Oi: baixa contábil leva a prejuízo de R$ 19,26 bi em 2022
A Oi divulgou na noite desta segunda-feira, 22, os resultados de 2022, quando reportou um prejuízo de R$ 19,26 bilhões, 85% maior que a perda registrada em 2021 em razão de baixa contábil dos ativos da concessão de telefonia fixa. Isso isoladamente representou uma perda de R$ 14,25 bilhões. Desconsiderando o “impairment”, o prejuízo teria diminuído 51,8% ano a ano, para R$ 5 bilhões.
A companhia apresentou alta das receitas em 2022, mesmo com a venda de ativos ao longo do ano passado. O balanço considera dados da Oi Móvel até março e da V.tal até junho. O faturamento anual foi de R$ 9,12 bilhões, alta de 3,1% comprado a 2021.
Em compensação, as vendas de ativos estratégicos e saudáveis comprometeram o lucro líquido antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBTIDA). Este fechou 2022 em R$ 2,17 bilhões, 59,2% menor que o registrado um ano antes.
Em compensação, com menos ativos, a operadora reduziu a carga de investimentos que precisava fazer para manter a rede móvel ou para expandir a fibra óptica. Assim, o Capex encolheu de R$ 7,5 bilhões em 2021 para R$ 3,8 bilhões em 22.
A dívida líquida do grupo, que neste momento soma R$ 44 bilhões, encerrou 2022 em R$ 19 bilhões, baixa de 41,4%. A posição de caixa no final do ano passado, embora já não seja a mesma de hoje em dia, era de R$ 3,22 bilhões, apenas 2% inferior ao caixa do fim de 2021.
Dados positivos
A empresa destaca, no balanço, os dados que considera mais positivos. São eles o avanço da unidade de banda larga por fibra óptica no varejo, que teve receitas de R$ 3,99 bilhões em 2022, avanço de 35,8% ano a ano. A Oi Soluções, unidade corporativa, faturou R$ 2,78 bilhões, 2,9% a mais. Estas altas compensaram a queda de 39% das receitas legadas, de telefonia fixa e TV paga por satélite, que somaram R$ 1,94 bilhão.
A receita por usuário da Oi Fibra cresceu 3,8%, para R$ 90,8. A quantidade de cliente subiu 15,7%, para 3,91 milhões. No 4T22, cerca de 56% dos clientes de Fibra já possuíam planos em velocidades de 400 Mbps ou
superior. A oferta de altas velocidades é parte da estratégia de diferenciação da empresa.
A Oi Soluções cresceu 40,1% em TI, segmento no qual faturou R$ 524 milhões e que passou a significar 18,8% das receitas da unidade. A expansão na área compensou a queda de 2,7% em telecom e em serviços não-core.
Dados negativos
Por outro lado, a empresa reconhece o problema que tem sido a telefonia fixa. O Legado, como é chamado, faturou R$ 1,94 bilhão, 39% a menos que em 2021. Disso, a telefonia teve receita de R$ 1,41 bilhão, 35,9% a menos.
As operações descontinuadas encolheram 62,1% em 2022, o que se justifica pela venda da V.tal, da Oi Móvel e retração da TV por assinatura. Esta diminuiu 12,3%, para R$ 1,24 bilhão em receitas.
Custos, despesas, demissões
A diretoria da Oi ressalta o esforço da companhia em apertar o cinto e reduzir custos e despesas, o que teve reflexo direto no quadro de funcionários. A empresa diminuiu em 16,7%, ou R$ 2 bilhões, os custos e despesas de rotina no Brasil, que somaram R$ 10,3 bilhões em 2022. Em termos absolutos, a maior economia veio da contratação de terceiros. Também contribuíram a venda de ativos, que levaram consigo seus gastos.
A Companhia encerrou o ano de 2022 com uma redução de 15 mil posições em relação ao ano anterior, sendo cerca de 1,2 mil posições na Nova Oi, 3,9 mil decorrentes das vendas de ativos (Móvel e InfraCo) e 10,1 mil em subsidiárias (Serede e Tahto).
Outro dado negativo foi o tamanho do passivo a descoberto registrado, que passou de R$ 2,6 bilhões no final de 2021 para R$ 21,84 bilhões no final de 2022. Este número mostra que o passivo supera em muito os ativos da companhia, resultando em patrimônio líquido negativo dez vezes superior ao registrado no fim de 2021.
Auditor
A PricewaterhouseCoopers, auditoria independente que analisou o balanço entregue pela Oi preferiu não emitir opinião a respeito da qualidade dos dados apresentados. Mas traçou um cenário bastante difícil e questionou a viabilidade a companhia, alertando para prejuízos acumulados de R$ 57,9 bilhões e passivos da controladora que totalizam R$ 60,75 bilhões.