Senacon: ‘Vou defender que 70% do atendimento seja humano’

Medida pode impactar pequenos provedores de conexão, já que visa estabelecer um valor de atendimento humano superior ao determinado pela Anatel.
Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor, estuda atualização do Decreto do SAC e espera gerar empregos com medida | Foto: Thuane Maria/GOVBA
Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor, estuda atualização do Decreto do SAC e espera gerar empregos com medida | Foto: Thuane Maria/GOVBA

O chefe da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), Wadih Damous, afirmou nesta quinta-feira, 7, que espera propor à Presidência da República, ainda neste semestre, a proposta de atualização do Decreto do SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor. O principal objeto é ampliar as atuais oito horas mínimas para atendimento humano.

Ao Tele.Síntese, o secretário destacou que ainda não há uma definição para as novas regras, embora ele já tenha uma posição pessoal. “Eu vou defender que pelo menos 70% do atendimento seja humano”, disse. A forma que isso pode se dar é o que está em análise.

Damous também entende que pode ser mantido o artigo que permite a exceção via norma de órgãos reguladores, desde que em patamar superior à regra geral. Neste ponto, a medida pode impactar os pequenos provedores (entenda mais abaixo).

Ainda de acordo com o secretário, a atualização do Decreto do SAC pode trazer efeitos para além do direito dos consumidores. “[As empresas] Vão ter que contratar, vai ter que gerar emprego”, afirmou à reportagem.

Texto em construção

O tema vem sendo discutido na Senacon desde o ano passado, quando houve inclusive a contratação de consultoria.  Nessa tarde, o secretário comentou o caso durante a 33ª Reunião da pasta com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), em Salvador (BA). “Ninguém aguenta mais robô”, disse ele, sobre o atual cenário de call centers.

Durante o evento, a ampliação do atendimento humano em detrimento do automatizado também foi defendido pelo superintendente de Mediação Administrativa, Ouvidoria Setorial e Participação Pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Ruelli.

“A tecnologia tem limitações. Eu acho que o humano interpreta o humano, e a gente precisa trazer isso para as relações de consumo, e não olhar o atendimento humano – seja telefônico ou presencial – como um custo. Não é um problema de OPEX é uma questão de qualidade da prestação de serviço, de satisfação do consumidor”, afirmou Ruelli.

Impacto aos provedores

O Decreto atual (11.034/2022) prevê no mínimo oito horas de atendimento humano, mas permite que órgãos reguladores estabeleçam períodos diferentes para determinados segmentos, mas desde que em tempo superior em comparação à regra geral.

Para o setor de telecomunicações, a norma é o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor (RGC), atualizado pela Anatel no ano passado, com vigência a partir de setembro. De acordo com o texto, as operadoras de grande porte deverão garantir o atendimento humano 24 horas por dia para demandas consideradas “urgentes”. Já para as demais solicitações, o atendente deve estar disponível de 6h às 22h, todos os dias da semana, incluindo sábado e domingo.

Enquanto a setembro não chega, está sendo editado um Manual Operacional para detalhar o que pode ser considerado demanda urgente e qual será o tempo máximo de espera para o contato com o atendente e a transferência entre departamentos.

Para provedores de pequeno porte, o regulamento menciona apenas “atendimento telefônico por, no mínimo, 8 horas por dia, ininterruptamente, nos dias úteis”. Sendo assim, alterando o Decreto do SAC, as PPPs deverão se adaptar.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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