Netflix rebate reivindicação de operadoras por cobrança pelo uso da rede de internet

Greg Peters, co-CEO da plataforma de streaming, afirma que serviços de conteúdo atraem mais clientes dispostos a pagar pacotes mais caros de banda larga
Co-CEO da Netflix rechaçou cobrança de uso da rede de internet reivindicada por teles
Greg Peters, co-CEO da Netflix, rechaçou eventual cobrança por uso da rede de internet reivindicada por teles (crédito: Reprodução)

Greg Peters, co-CEO da Netflix, rebateu a reivindicação de empresas de telecomunicações de que plataformas de streaming deveriam pagar pelo uso das redes de internet. Além disso, o executivo destacou que serviços de conteúdo atraem clientes dispostos a pagar por planos de banda larga mais caros, beneficiando operadoras em todo o mundo.

“Alguns dos nossos parceiros ISPs [provedores de serviços de internet] propuseram taxar companhias de entretenimento para subsidiar suas infraestruturas de rede, mas não deveria ser uma escolha binária entre grandes telcos e empresas de entretenimento”, disse Peters, nesta terça-feira, 28, em apresentação no Mobile World Congress, que acontece nesta semana em Barcelona, na Espanha.

“Taxas assim teriam um efeito adverso significativo. Reduziriam o investimento em conteúdo, que prejudicaria comunidades criativas locais e a atratividade de pacotes de banda larga”, complementou.

Peters argumentou que as empresas de telecomunicações precisam enxergar plataformas de streaming como parceiras. Em sua avaliação, são companhias como a Netflix que aumentam o valor dos serviços de internet.
“Melhores e mais variados conteúdos levam a mais pessoas dispostas a pagar por melhores serviços de banda larga”, frisou.

O executivo destacou que operadoras reconhecem o valor da Netflix ao incluir acesso ao serviço em pacotes de banda larga. Além disso, pontuou que a empresa é parceria comercial de mais de 160 teles e ISPs ao redor do mundo e que gastou mais de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,2 bilhões) no programa Open Connect, o qual facilita a transmissão de vídeos ao armazenar o conteúdo em diversos pontos de acesso, reduzindo o tráfego de dados.

O co-CEO da Netflix ainda disse que as margens de lucro da companhia são menores do que as de teles como British Telecom (BT) e Deutsche Telekom. “As operadoras de rede é que deveriam nos pagar pelo custo de produção de conteúdo, mas não vamos pedir isso”, provocou.

Em sua apresentação, Peters também rechaçou a argumentação de que a demanda crescente por internet é insustentável, afirmando que o aumento do consumo deveria ser visto como uma oportunidade. Segundo ele, os consumidores se mostram dispostos a pagar por banda larga com a intenção de aproveitar as produções cinematográficas da companhia e de outros serviços de streaming.

“Acredito que é muito melhor empresas de entretenimento e operadoras se concentrarem no que fazem melhor e, através disso, criarem uma onda de crescimento que beneficie a ambas”, opinou.

A aplicação de uma eventual taxa aos serviços OTTs (Over the top) é um dos assuntos que tem dominado a edição de 2023 do MWC. No setor de telecomunicações, tanto fornecedoras, como a sueca Ericsson, quanto operadoras, como a francesa Orange, se manifestaram sobre o tema durante o evento.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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