NEC cresce em 2021, mas escassez de chips ainda preocupa

A integradora NEC enfrenta contínua escassez de chips, que afetou a capacidade dos fornecedores do setor, e aconselha clientes a já planejarem compras de 2023

A integradora japonesa NEC voltou a crescer em 2021, após um ano de estabilidade em 2020. Em conversa com o Tele.Síntese, o CEO da empresa no Brasil, Angelo Guerra, contou que para 2022 a expectativa é manter o momentum é ampliar as receitas outra vez em mais de 10%. No entanto a escassez de chips, calo que vem apertando o sapato do setor faz dois anos, segue como potencial ameaça, em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia e retomada do lockdown na China. Tanto que a companhia já está negociando suprimentos para 2023.

“Temos sentido muito, sim, o impacto na demanda em razão da escassez junto aos nossos grandes parceiros comerciais. Se o cliente quiser comprar um equipamento para este ano, já orientamos a planejar imediatamente as aquisições de 2023”, resume o executivo.

A preocupação, diz Guerra, é global. O conflito entre Rússia e Ucrânia trouxe ainda desafios adicionais ao grupo NEC Corporation, uma vez que a Netcracker, empresa da holding que produz tecnologia para 5G virtualizado, tem sedes tanto na Rússia, quanto na Ucrânia. Os funcionários ucranianos tiveram de ser retirados do país e realocados na Polônia e outros países da Europa.

De onde vem a demanda

Segundo Angelo Guerra, o crescimento esperado para a NEC neste ano vem não apenas das necessidade com redes móveis, mas há também ainda forte demanda de governo e grandes empresas por data center, WiFi e inclusive sistemas de PABX.

Com as grandes operadoras, a receita virá do início de projetos que requerem uma integradora forte por trás, relacionados à implantação de redes Open RAN.

“Temos um piloto com a Vivo, que iria começar pelo Nordeste, mas agora foi transferido e terá início em uma cidade paulista”, conta.

Segundo ele, o piloto está na fase final de definição do desenho técnico, e deve sair do papel ainda no primeiro semestre.

Além disso, a necessidade por digitalização acelerou pedidos de bancos, empresas de energia e do setor público por redes e serviços digitais.
Preparação global para o 5G

O CEO da NEC Brasil conta que a NEC Corporation, em todo o mundo, está intensificando sua estratégia de atuar como integradora, com produtos de fabricantes diversos, como Cisco, Altiostar, Comba, Dell, Supermicro, Juniper, Netcracker e VMWare. Aqui no país, anunciou na semana passada um grande contrato assinado com a Vivo para criação de um núcleo IP para gestão do tráfego 5G.

Como fabricante, está investindo nas estações em 3,5 GHz, justamente a frequência em que as operadoras brasileiras vão usar para implantar o 5G “puro”. Tem ainda equipamentos LTE, que são vendidos para redes privadas.

A receita da NEC é hoje de quase US$ 30 bilhões no mundo, 80% disso vem do Japão. No Brasil, a receita passou de R$ 400 milhões. “Vamos crescer mais de dois dígitos, mais de 10% neste próximo ano”, promete.

Guerra lembra também que, como integradora, trabalha em inovações que vão além das telecomunicações. Vem realizando um projeto de piloto de digitalização no Hospital das Clínicas, e estuda a fundo oportunidades no blockchain.

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Rafael Bucco

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