Móvel mais racional e consolidação em fibra: as previsões da Fitch para 2024
A Fitch concluiu um relatório na última semana no qual analisa o mercado latino-americano de telecomunicações e traça previsões para as operadoras da região, incluindo a brasileira Oi, no próximo ano de 2024. O relatório analisa o cenário das companhias que emitem dívida e têm títulos com avaliação de risco feita periodicamente pela empresa.
O documento aponta que a consolidação no mercado móvel brasileiro, que reduziu o número de competidores nacionais de 4 para 3 com a venda da Oi Móvel, trouxe mais estabilidade. “A competição no mercado móvel brasileiro segue intensa, mas ficou mais racional”, analisa a Fitch. O relatório é assinado por Johnny da Silva.
O material aponta que a maior parte das sinergias resultantes da integração de clientes, torres e espectro já foi capturada por Claro, TIM e Vivo, as compradoras da Oi Móvel. Lembra que o desligamento de torres redundantes herdadas da Oi vai se completar até meados de 2024.
No mercado de banda larga por fibra do país, o cenário é mais intenso, admite a Fitch. É de se esperar continuidade da consolidação de empresas e disputa cada vez mais acirrada entre operadoras nacionais, como Claro, Oi e Vivo, e os provedores regionais. Ao mesmo tempo, os provedores entrantes via redes neutras vão começar a incomodar.
Para os segmentos de telefonia fixa e TV paga, a Fitch é cética. Não vê mudanças, apenas a continuidade da retração dos serviços.
A Oi, que tem parte de seu negócio em TV paga e telefonia fixa e passa por recuperação, prevê a Fitch, seguirá com a pior nota de crédito justamente por conta da proteção judicial. O investimento na tele brasileira é considerado de alto risco. Ela também é considerada altamente alavancada. A operadora deve encerrar 2023 com queda de 2,3% nas receitas e alavancagem de 153,2x. Na América Latina, a empresa mais alavancada, depois da Oi, é a VTR, do Chile, com índice de 19,5x.
Para 2024, a Fitch espera que a Oi tenha ainda encolhimento nas receitas de 0,9%. E para 2025, que retome o crescimento e fature 3,1% mais que em 2024.
Na América Latina
Nos países vizinhos, a previsão é de surgimento ou expansão de redes neutras de fibra, com a estratégia “asset light”, iniciada no Brasil, se alastrando. Ao mesmo tempo, as teles da região vão focar menos em infraestrutura (que ficará a cargo das redes neutras) e centralizar esforços na geração de receitas via serviços digitais e corporativos.
Em termos de qualidade da emissão de dívida, tais fatores trazem certo pessimismo. Com o aumento da competição e pressão sobre preços, as operadoras da região têm o desafio de aumentar a receita por usuário. Nos últimos três anos, a Fitch rebaixou mais notas de crédito do que elevou dentre as operadoras latino-americanas. Cumulativamente, foram quase 20 rebaixamentos desde 2020 e cerca de 5 elevações de nota.