Motorola Solutions aumenta aposta em P&D no Brasil

Centro de design de software da Motorola Solutions em São Paulo passou de 20 funcionários a 200 em apenas dois anos, e pode chegar a 2 mil até 2029, prevê diretor da empresa para o Brasil.

A Motorola Solutions está investindo mais em P&D no Brasil. Embora não abra números, o núcleo local de criação de software, que tinha 20 empregados em 2022, quando foi criado, já bate em 200. “E acho muito provável que sejam 2 mil daqui cinco anos”, afirmou o diretor da empresa no país, Gustavo Ancheschi (foto acima) em encontro com jornalistas.

A empresa é especializada em soluções de missão crítica, atende a governos e ao setor privado com radiocomunicadores, software em nuvem para gestão da rede de segurança, videomonitoramento, e outras tecnologias. No país, tem entre os principais clientes o Exército, a PM de São Paulo, secretarias de segurança de Minas Gerais, Piauí, Paraná. No setor privado, atende Adecoagro e Petrobras, para citar duas.

O São Paulo Design Center, falou Ancheschi, é em parte financiado pelos recursos da Lei do Bem, que isenta de tributos empresas que desenvolve pesquisa tecnológica no Brasil.

A expansão prevista pela companhia no país não se resume à criação de software. No começo do ano, a Motorola Solutions mudou de sede, foi para novo prédio na Zona Sul de São Paulo, maior, para receber mais funcionários. Também lá instalou novo centro de controle (NOC) dos serviços de segurança que presta para os clientes. Tais mudanças marcam os 45 anos da empresa no país.

Segundo o executivo, o crescimento local está alinhado ao obtido no resto do mundo. A empresa tem atuação em mais de 100 países. No segundo trimestre deste ano, o grupo registrou receitas de US$ 2,6 bilhões, alta de 9% em relação ao mesmo período de 2023. Teve alta de 15% nas vendas de produtos e sistemas, de integração, embora as vendas com software tenham permanecido estáveis.

Mas registrou alta de 9% nas vendas de rádios, de 9% também nas receitas geradas pelo software de central de comando (que orquestra a rede de rádios e sistemas de segurança), e de 10% no faturamento com segurança por vídeo e controle de acesso – áreas prioritárias para a subsidiária local.

Redes privativas vs. missão crítica

O executivo também comentou se existe competição no Brasil entre redes privativas e redes de missão crítica. Com o 5G, operadoras e integradoras investem na conectividade de fábricas, minas e portos com telefonia móvel dedicada.

Para Ancheschi, porém, as tecnologias não competem. Em vez disso, complementam-se. “O celular em rede privativa não tem as mesmas capacidades dos rádios de disponibilidade, priorização de chamadas ou botão de emergência. O rádio prioriza a voz e tem um amplo alcance, enquanto as redes 5G têm um alcance menor e focam em dados”, comentou.

Segundo ele, a Motorola Solutions se adequou às exigências de tratamento soberano dos dados de segurança pública pelo governo brasileiro. “Utilizamos data centers no Brasil para nossos serviços em nuvem, temos parceria com a Telebras, que tem um data center tier III, com Google, AWS e Azure localmente”, concluiu.

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Rafael Bucco

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