Milícias digitais são usadas para ‘grande lavagem de dinheiro’, diz Moraes

Segundo o ministro, as empresas de mídia não são utilizadas para esse fim porque têm sua parcela de responsabilidade sobre o conteúdo divulgado, diferentemente das redes sociais.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (11) não ter “nenhuma dúvida” de que as chamadas milícias digitais têm sido usadas “para uma grande lavagem de dinheiro”. A firmação foi feita , durante o 15º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Para Moraes, a forte disseminação de fake news se dá pela “cegueira coletiva que vem acontecendo”.

“Não tem nenhuma dúvida, e obviamente a Polícia Federal vem fazendo esse cruzamento, de que as redes, essas milícias digitais que estão sendo usadas para uma grande lavagem de dinheiro”, declarou o ministro, que é relator no Supremo do chamado “Inquérito das Fake News”, que investiga ameaças a ministro da Corte atribuídas a grupos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

“O que ocorre é que a partir dessa lavagem de dinheiro, e como ocorreu já em outros locais do mundo, você acaba limpando o dinheiro, e esse dinheiro pode eventualmente retornar via doações, inclusive via doações eleitorais. É muito mais grave do que as pessoas achavam e continuam achando”, prosseguiu Moraes.

Exército midiático

Para o ministro, “Essa lavagem de dinheiro acaba também permitindo que se faça um exército midiático que pode influenciar muito negativamente em relação ao próprio equilíbrio democrático”. E completou: “Estamos confundindo grupos de WatsApp com milícias profissionais. Isso se torna um grande risco para a honra das pessoas, para as instituições, até mesmo para eleições”.

O ministro é relator do inquérito das fake news, que investiga ameaças a ministros do Supremo. Nesse inquérito, Moraes já determinou ações como o bloqueio de redes sociais de apoiadores do governo Jair Bolsonaro suspeitos de espalhar notícias falsas e fazer ameaças a autoridades.

O ministro também avaliou que há profissionalismo nessas milícias digitais. “O que é interessante é que, em um primeiro momento, para plantar uma notícia falsa eram necessários robôs. Agora, já estão formando equipes profissionais para divulgar esse conteúdo, com a finalidade de chegar no dia ‘D’ e o assunto falso estar entre os mais comentados”, ressalta.

Financiamento

Moraes sustenta que há muito dinheiro envolvido nesses grupos: “Eu não tenho nenhuma dúvida de que há lavagem de dinheiro. Temos que tomar muito cuidado, é muito mais grave do que as pessoas acharam e continuam achando”.

“O que é interessante é que em um primeiro momento você financia o grupo, com o passar do tempo essa monetização volta como um autofinanciamento e até mesmo retorna como doações eleitorais. Essas milícias digitais vêm fazendo uma grande lavagem de dinheiro”, diz.

Segundo o ministro, as empresas de mídia não são utilizadas para esse fim porque têm sua parcela de responsabilidade sobre o conteúdo divulgado, diferentemente das redes sociais.

“Elas deveriam ser classificadas da mesma forma que as empresas de mídia. Quando elas querem interferir em conteúdo, daí tiram em milhares de postagens, daí fica subjetivo.” (com agências de notícias).

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Da Redação

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