Migração para nuvem nem sempre é por custo, diz Globo

A migração do acervo de um grupo de mídia para a nuvem pública começa deve começar pela definição de um business case, que nem sempre é favorável
Migração para nuvem nem sempre é por custo, diz Globo
Raymundo Barros – diretor de estratégia e tecnologia da Globo | Credito: 5×5 TEC Summit

A migração do acervo de um grupo de mídia para a nuvem pública começa deve começar pela definição de um business case, que nem sempre é favorável para o grupo. Foi o que disse Raymundo Barros, diretor de estratégia e tecnologia da Globo, no 5×5 Tec Summit nesta sexta, 10. O grande benefício da migração para a nuvem, explica o executivo, não é custo. Por isso, pode ser difícil levar a proposta para um CFO (Chief Financial Officer). A Globo anunciou parceria com o Google para adotar suas soluções de cloud em abril deste ano, o que deve levar à eliminação de data centers próprios em dois anos.

A equação, diz Barros, é sobre capacidade versus demanda. “Mesmo havendo ociosidade, em algum momento pode ter uma demanda acima da capacidade”, explica. Com infraestrutura própria, as opções, no caso de um salto de demanda, são fazer novos investimentos ou remanejar recursos tecnológicos para atender a demanda. Ao migrar para a nuvem, o grupo de mídia se beneficia da elasticidade das grandes infraestruturas e passa a ter velocidade para escalar. Há, sim, uma redução de custos no parque tecnológico, mas o principal é a redução do “time to market”, com facilidade de escalabilidade e capilaridade diversificada.

A lógica de custos e investimentos muda com a adoção da nuvem pública. Ao invés de destinar anualmente grandes recursos à aquisição de infraestrutura própria, que precisa atender os picos de demanda, o grupo adota uma dinâmica de custos variáveis, pagando pelo uso, sem ter ociosidade. É fundamental, explica Barros, ter uma gestão eficiente do consumo, já que os recursos tecnológicos estão sempre disponíveis, mas a um custo.

O maior pico de demanda na Globo é, sem dúvida, na exibição do Big Brother Brasil. Neste ano, foram mais de 430 milhões de horas assistidas, sendo mais de 350 milhões em live streaming. Mais de 3,7 bilhões de plays, incluindo 2,4 bilhões de live streaming. Houveram picos de 1,312 plays por minuto e de 2,618 milhões de usuários simultâneos na plataforma de vídeo. Na próxima edição, o grupo já contará com a escalabilidade da infraestrutura do Google.

Segurança

A segurança, afirma Barros, é uma das maiores preocupações da Globo. “Uma empresa como a Globo, no contexto de hoje, é muito visada”, diz, apontando que um dos maiores investimentos do grupo é nesta área. A adoção da nuvem pública é também uma estratégia de segurança. Segundo ele, o investimento das empresas que prestam este tipo de serviço é muito maior do que qualquer grupo de mídia poderia fazer na segurança em ambientes internos. A segurança dos dados de seus clientes é o principal ativo das empresas de de cloud. Uma falha, explica, pode custar a viabilidade destas companhias.

Produção

O projeto com o Google prevê ainda o uso de ferramentas e algoritmos de conteúdos do Google para aplicações de inteligência artificial e recomendações e a migração de grande parte dos processos operacionais de produção de conteúdo para o ambiente de cloud. O acordo também prevê uma integração nativa entre o Android TV (sistema operacional do Google) e o aplicativo do Globoplay, o que está em andamento.

Hoje a Globo consegue se beneficiar de vantagens da produção em nuvem, com entradas e ingestão de conteúdo de qualquer local com acesso à nuvem, bem como produção e edição virtualizadas e envio para as diferentes camadas de difusão de conteúdo do grupo. Com isso, o antigo modelo baseado em unidades móveis de produção começa a ficar obsoleto.

Recentemente, a Globo lançou, em parceria também com suas redes afiliadas, a inserção dinâmica de publicidade no Globoplay, permitindo publicidade direcionada ao espectador da radiodifusão que está com TV conectada.

“O nosso framework de inovação com o Google é amplo. Discutimos oportunidades conjuntamente”, explica o diretor da Globo. “Temos trabalhado com os times do Google ou com as ferramentas que o Google nos disponibiliza”, completa. A Globo tem acesso privilegiado a soluções que ainda não foram lançadas comercialmente pelo Google.

“De modo geral, nós temos acesso privilegiado a ferramentas, por outro lado, o Google tem enorme interesse em trabalhar com uma empresa de mídia verticalizada. Não se encontra outra empresa como a Globo no mercado segmentado lá de fora. Eles podem desenvolver conosco soluções e depois disponibilizar ao mercado de maneira mais ampla”, finaliza.

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Rafael Bucco

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