Meta, Ericsson e outras empresas criticam regulação de IA da UE

Em carta, empresas dizem que fragmentação regulatória dificultará o desenvolvimento da tecnologia no bloco; também alegam que continente corre o risco de ficar para trás na era da IA
Meta, Ericsson e empresas de tecnologia criticam regulação de IA da UE
Empresas como Meta e Ericsson alegam que UE ficará para trás na era da IA (crédito: Freepik)

Empresas de tecnologia, pesquisadores e instituições publicaram, nesta quinta-feira, 19, uma carta criticando a regulação de Inteligência Artificial (IA) e proteção de dados da União Europeia (UE), enfatizando que a fragmentação de regras prejudicará a economia do bloco.

O documento é liderado pela Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp), que nos últimos anos lançou aplicações de IA para redes sociais e modelos de código aberto para terceiros. A Ericsson, uma das mais importantes fornecedoras de equipamentos de telecomunicações, também assina a carta.

“A realidade é que a Europa se tornou menos competitiva e menos inovadora em comparação com outras regiões e corre agora o risco de ficar ainda mais para trás na era da IA devido a decisões regulamentares inconsistentes”, diz o manifesto.

A carta ainda afirma que, “na ausência de regras consistentes”, a UE irá perder dois pilares de inovação em IA: os modelos abertos, que podem ser modificados e estruturados por terceiros, e os multimodais, que são capazes de gerar textos, imagens e discursos.

No texto, os signatários também lamentam intervenções das autoridades europeias de proteção de dados, dizendo que isso criou “uma enorme incerteza sobre que tipos de dados podem ser utilizados para treinar modelos de IA”.

De acordo com o documento, caso a UE não harmonize a regulação, o desenvolvimento da IA acontecerá em outros mercados, sobretudo Estados Unidos, China e Índia.

“Isto significa que a próxima geração de modelos de IA de código aberto – e os produtos e serviços que construímos sobre eles – não compreenderá nem refletirá o conhecimento, a cultura ou as línguas europeias”, frisa a carta.

A Lei de IA da UE entrou oficialmente em vigor no mês passado, impondo obrigações para o treinamento de modelos e requisitos de transparência. A aplicação integral da norma, no entanto, só começa em agosto de 2026.

Vale lembrar que a Meta, por não concordar com exigências regulatórias, decidiu adiar por tempo indeterminado o lançamento do modelo de linguagem Llama 3 e da aplicação Meta AI, exclusiva de seus aplicativos, na UE.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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