Mercado ainda carece de ofertas de ponta a ponta para redes privativas, indica IDC

Consultoria estima que novas instalações de redes privativas superem a soma de US$ 220 milhões no País em 2024; para o setor de dispositivos, projeção é de baixa nas vendas
Mercado de redes privativas deve ultrapassar US$ 220 milhões no Brasil em 2024
IDC aponta mercado de redes privativas como tendência para 2024 (crédito: Freepik)

Grande aposta da indústria de telecomunicações para a tecnologia 5G, a instalação de redes móveis privativas no País deve superar o montante de US$ 220 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) neste ano, estima a IDC. A cifra leva em conta os segmentos de infraestrutura wireless (sem fio), serviços profissionais e serviços gerenciados.

Na avaliação da consultoria, as implantações de redes privativas devem se expandir para mais verticais de negócios ao longo deste ano. Contudo, a falta de um ecossistema que ofereça soluções de ponta a ponta, simplificando a oferta para o cliente final, ainda é um ponto desfavorável para a adoção do serviço.

“É vital que esse tema de redes móveis privativas evolua no mercado brasileiro, até para que a gente torne concreta e massifique essa oferta”, disse Luciano Saboia, diretor de Telecom da IDC Brasil, em evento online com a imprensa, nesta terça-feira, 6.

O especialista ressaltou que o serviço é atraente tanto para operadoras de telecomunicações quanto para o setor empresarial.

No caso das ofertantes de conectividade, as redes privativas se mostram uma vertical com potencial de gerar novas receitas, além de se traduzir em uma oportunidade para rentabilizar os investimentos feitos na infraestrutura de quinta geração móvel. Também é interessante para as operadoras a possibilidade de firmar contratos de longa duração.

Para as empresas, por sua vez, o atrativo é que o serviço pode ser customizado, sobretudo nos casos em que há requisitos de comunicação de missão crítica ou implantações de Internet das Coisas (IoT). Além disso, a solução pode ser adquirida no modelo NaaS (rede como serviço, na sigla em inglês).

Saboia lembrou que, conforme uma pesquisa da IDC, 48% dos líderes em TI já foram abordados sobre o assunto. Todavia, apenas 6% indicaram dispor de conhecimento profundo sobre a tecnologia. “A educação sobre esse tema é essencial para torná-lo um produto massificado no mercado”, pontuou.

Mercado de dispositivos

No evento em que apresentou um relatório sobre as principais tendências em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para 2024, a IDC indicou que o mercado de dispositivos deve enfrentar mais um ano de desafios no País. A projeção é que a cadeia de dispositivos (smartphones, computadores, tablets, impressoras e wearables) some US$ 17,2 bilhões (R$ 85,22 bilhões), baixa de 0,3% em relação ao valor ajustado de 2023.

Reinaldo Sakis, diretor de Devices da IDC América Latina, disse que, apesar de guerras em outras partes do mundo e da disputa comercial entre Estados Unidos e China, não há falta de componentes e produtos no Brasil. Dessa forma, o que tem prejudicado as vendas de dispositivos são as condições do varejo doméstico. Nesse sentido, ele citou que o setor enfrenta altos custos no País e que há empresas em recuperação judicial – notadamente, a rede Americanas.

“Espera-se um mercado B2C bastante conservador e devemos continuar a ver o mercado ilegal muito forte, se estendendo para além dos smartphones”, projetou Sakis.

Para os anos seguintes, o diretor da IDC apontou que a IA embarcada deve estimular as vendas de dispositivos. No entanto, isso deve acontecer a partir de 2026. Neste ano, somente produtos de linhas premium, como notebooks acima US$ 1.500 (R$ 7.400) e smartphones precificados a partir de US$ 800 (R$ 4.000), tendem a contar com a tecnologia de forma nativa.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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