Marcada para amanhã, 1º, greve do BC pode atingir Pix

Pela primeira vez, o Pix superou os cartões de crédito e débito no número de transações, mas o pagamento instantâneo pode ser afetado.
Marcada para amanhã, 1º, greve do BC pode atingir Pix - Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Após marcar uma greve geral a partir desta sexta-feira, 1º, servidores públicos do Banco Central (BC) afirmam que, se eles não estiverem incluídos na medida provisória que prevê reajuste para os policiais, a greve pode ser mais severa e atingir o sistema de pagamento instantâneo, o Pix.

Os servidores pressionam por um reajuste salarial de 26,6%, enquanto o governo Bolsonaro sinaliza possível aumento apenas a policiais. Atualmente, as remunerações dos analistas do Banco Central variam de R$ 19.197,06 a R$ 27.369,67 ao mês.

“Se os técnicos e analistas do BC não estiverem nesta Medida Provisória, a greve será ainda mais forte e poderá interromper, total ou parcialmente, o Pix, a distribuição de moedas e cédulas, a divulgação do boletim Focus e de diversas Taxas, o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a mesa de operações do Demab e outras atividades”, disse em nota o Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal).

O presidente do Sinal, Fábio Faiad, observou, segundo o jornal Correio Braziliense, que a greve dos servidores da entidade monetária será feita respeitando a lei de serviços essenciais, mas lembrou que o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo da lei, portanto, podem sofrer paralisações parciais e até totais.

Na última terça-feira, 29, o Banco Central divulgou uma nota para esclarecer que “tem planos de contingência para manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR, Pix, Selic, entre outros”.

O BC disse ainda que “reconhece o direito dos servidores de promoverem manifestações organizadas” e “confia na histórica dedicação, qualidade e responsabilidade dos servidores e de seu compromisso com a Instituição e com a sociedade”.

Pix supera cartões

A iminência da greve dos servidores do BC pode afetar os 122 milhões de usuários do meio de pagamento instantâneo, que registra adesão cada vez maior entre os brasileiros. O número de transações via Pix superou, no quarto trimestre de 2021, o de movimentações por meio de cartões de crédito ou de débito no país. Foi a primeira vez que o pagamento instantâneo assumiu a liderança entre os meios comumente mais utilizados. A maior parte das transações ainda é formada por transferências entre pessoas físicas, mas os números indicam a forte adesão à modalidade.

Segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), as transações por meio do Pix somaram 3,89 bilhões nos últimos três meses do ano passado, uma alta de 34% sobre o trimestre anterior. Nos cartões, as movimentações também cresceram, mas em ritmo menor. Foram 3,85 bilhões no débito (alta de 9%) e 3,73 bilhões no crédito (avanço de 12%). Os pré-pagos subiram 20%, para 1,92 bilhão de operações.

As estatísticas da autoridade monetária mostram que desde o lançamento do Pix, em novembro de 2020, quem mais perdeu espaço foram as modalidades de transferência, como TED, DOC e intrabancárias. No último trimestre, foram 294 milhões de operações por meio de TED, por exemplo, uma queda de quase 50% em um ano.

 

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Redação DMI

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