Lula recebe Plano de IA com R$ 5,8 bi para infraestrutura

Projeto será analisado pelo presidente da República antes de ser incorporado. Chefe do Executivo diz que pretende discutir ações com ministros na próxima semana.
Lula recebe Plano de IA do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia | Foto: Ricardo Stuckert / PR
Lula recebe Plano de IA do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 30, a proposta de Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), aprovada pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) nesta semana. O projeto agora será analisado para implementação. 

O CCT sugere um plano de cinco eixos, com orçamento geral de R$ 23,03 bilhões de 2024 a 2028. A “Infraestrutura e Desenvolvimento de IA” é um deles, com fatia de R$ 5,79 bilhões (saiba mais abaixo), a segunda maior entre todos.  A maioria do recurso viria do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), somando R$ 21,19 bilhões; o restante por contrapartidas do setor privado e recursos das estatais. 

“O que vocês apresentaram não pode ficar em uma gaveta […] Semana que vem vou ter uma reunião para apresentar ao conjunto de ministros a nossa proposta de política de Inteligência Artificial e, a partir daí, vamos tomar decisões para saber como fazer acontecer”, disse Lula ao receber o Plano de IA na abertura da  5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) no início desta tarde. 

Objetivos

Os objetivos do plano de IA, conforme a proposta, são:

  • Transformar a vida dos brasileiros por meio de inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em Inteligência Artificial;
  • Equipar o Brasil de infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, incluindo um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, alimentada por energias renováveis;
  • Desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossa diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA.
  • Formar, capacitar e requalificar pessoas em IA em grande escala para valorizar o trabalhador e suprir a alta demanda por profissionais qualificados; e
  • Promover o protagonismo global do Brasil em IA por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional.

Infraestrutura de IA

A infraestrutura e Desenvolvimento de IA é sugerido como o Eixo 1 do PBIA, com o objetivo individual de “posicionar o Brasil como um líder mundial em Inteligência Artificial, impulsionando projetos e pesquisas que melhorem substancialmente a vida dos brasileiros, com soluções inovadoras e acessíveis para os desafios do país”.

O recurso de R$ 5,79 bilhões seria destinado a 13 ações, são elas:

Programa Nacional de Infraestrutura para IA (R$ 3,0 bilhões), com as  seguintes metas:

  • R$ 52,4 milhões – Interligação de todos os centros de supercomputação com redes de alta velocidade até 2028
  • R$ 1,8 bilhão – Atualização do supercomputador Santos Dummont no LNCC, para que esteja entre os cinco com maior capacidade de processamento da lista TOP500, em cinco anos;
  • R$ 125 milhões  – Ampliação da capacidade dos cinco Centros Nacionais de Processamento de Alto Desempenho (CENAPADs), distribuídos por cinco regiões do País, em dois anos; 
  • R$ 250 milhões – Apoio a 25 projetos de fomento à aquisição, instalação e modernização de infraestrutura de IA nas ICTs brasileiras, em cinco anos; 
  • R$ 765 milhões – Parcerias internacionais para desenvolvimento de elementos críticos, como nós de supercomputador (ao menos duas em um ano), além do desenvolvimento de chips aceleradores (em 24 meses) e de racks completos (em 36 meses); e 
  • R$ 50 milhões –  Ampliação significativa da capacidade de conexão da Rede Clara e da Rede Scalac em 24 meses; além do apoio a 30 projetos colaborativos que utilizem a infraestrutura brasileira de IA até 2028 

Programa de Sustentabilidade e Energias Renováveis para IA, sendo:

  • R$ 500 milhões – Apoio a 42 projetos de fomento à implementação de infraestrutura energética sustentável e eficiente para datacenters e instalações de IA (fontes renováveis; tecnologias de resfriamento; equipamentos com menor consumo), em cinco anos.

Programa de Estruturação do Ecossistema de Dados e Software para IA (R$ 1,4 bilhão), compreendendo:

  • R$ 292,5 milhões – Desenvolvimento de uma pilha de software nacional completa para IA em 12 meses; e
  • R$ 1,1 bilhão –  Ampliação da oferta de conjuntos de dados nacionais curados para treinamento; além da construção de um modelo de LLM robusto para português em 12 meses.

Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em IA (R$ 873 milhões), com:

  • R$ 553 milhões – Lançamento de editais e iniciativas de financiamento para projetos de P&D em IA, inclusive temáticos (educação, saúde, meio ambiente, economia criativa, dentre outras);
  • R$ 100 milhões –  Estabelecimento de 4 centros temáticos interdisciplinares de estudos avançados em IA, até 2028;
  • R$ 120 milhões – Criação do Instituto Nacional de Informática para fomentar a pesquisa avançada em IA; e
  • R$ 100 milhões  – Apoio a 100 projetos colaborativos em IA com países da América Latina, Caribe e África até 2028.

Governança e outros eixos

Outros três eixos reúnem programas para o desenvolvimento de sistemas de IA em si, voltados principalmente para atender demandas da prestação de serviços públicos e qualificação de profissionais no Brasil, são eles: “Difusão, Formação e Capacitação em IA” (R$ 1,15 bilhões); “IA para Melhoria dos Serviços Públicos” (R$ 1,76 bilhão ); e “IA para Inovação Empresarial” (R$ 13,79 bilhão).

O último eixo é o “Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA” (R$ 103,25 milhões), que sugere estruturar uma rede de pesquisas, criar um centro de estudo sobre riscos da IA e práticas de transparência algorítmica, além de incorporar um projeto que já vinha sendo tocado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), de consolidação do Observatório Brasileiro de Inteligência Artificial (OBIA), e o coloca na posição de “principal plataforma de inteligência sobre IA no Brasil.

Saiba mais sobre a proposta de apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA neste link.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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