Lula lista desafios tecnológicos em reunião com líderes da América do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a cooperação estratégica entre os países da América do Sul em reunião com líderes sul-americanos realizada nesta terça-feira, 30, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. No discurso de abertura do encontro, ele fez um panorama de desafios, incluindo infraestrutura, propagação de fake news nas redes sociais e a necessidade de mecanismos que diminuam a dependência que o Brasil e as nações vizinhas têm de outras potências econômicas no mercado.
Ao descrever o cenário de desafios, Lula lembrou os impactos da pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia. “Quando as cadeias de suprimento globais foram afetadas por esse conjunto de fatores, nossas carências de infraestrutura e nossa vulnerabilidade externa foram expostas: a região parou de crescer, o desemprego aumentou e a inflação subiu. Alguns dos principais avanços sociais logrados na década passada foram perdidos em pouco tempo”, pontuou.
“No Brasil e em outros países, recentes ataques às instituições democráticas, inclusive às sedes dos Poderes constitucionais, nos ofereceram uma trágica síntese da violência de grupo de extremistas que se valem de plataformas digitais para promover campanhas de informação e discurso do ódio”, complementou Lula.
O presidente destacou que diante dos fatos, “nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade”.
Moeda única e cooperação
Lula ressaltou que os países da América do Sul, juntos, são a quinta economia global e seus quase 450 milhões de habitantes representam importante mercado de consumo. Diante disso, listou uma série de sugestões para que os países desenvolvam em colaboração, entre elas:
- “Aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismos de compensação mais eficientes e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extra regionais”.
- “Implementar iniciativa de convergência regulatória, facilitando trâmites e democratizando procedimentos de exportação e importação de bens”.
- “Ampliar os mecanismos de cooperação de última geração que envolva serviços, investimentos, comércio, eletrônicos e política de concorrência”.
- “Atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente na região de fronteira”.
O presidente também afirmou que é essencial a criação de um grupo integrado com representantes de cada um dos países da América do Sul para “dar seguimento ao trabalho de reflexão” e apresentar um plano conjunto, em até 120 dias, sobre os debates que ocorrerão no encontro entre os países nesta tarde.