Ligga faz sozinha oferta pela banda larga da Oi, no valor de R$ 1,03 bilhão

As outras empresas na disputa, Vero Internet, e BrasilTecpar não apresentaram propostas. O valor é 86% inferior ao que a concessionária estava pedindo, R$ 7,3 bilhões. A oferta terá que ser aprovada pelos credores. Se não aceitarem, a V.tal, do BTG, leva a base da Oi.

(crédito: Oi/Divulgação)

Somente a Ligga, operadora de telecomunicações com sede no Paraná, controlada pelo fundo de investimento de Nelson Tanure, apresentou proposta pela ClientCo da Oi, de R$ 1,03 bilhão por toda a base de clientes, de mais de quatro milhões. As outras duas empresas na disputa, Vero Internet, e BrasilTecpar, não apresentaram propostas.  O valor é bem inferior ao que a concessionária estava pedindo, R$ 7,3 bilhões.

A condição para a participação dessa etapa de venda da base de clientes da Oi era que a oferta fosse em dinheiro, já que a Oi conta com uma proposta alternativa, de sua coligada, a empresa de rede neutra V.Tal, controlada pelo BTG, que celebrou um acordo com credores da Oi para aquisição, em segunda rodada, da totalidade da carteira de fibra óptica da operadora. Dessa forma, caso a Oi não tenha sucesso na oferta da ClientCo ao mercado, a empresa de rede neutra deve apresentar a sua proposta.

De acordo com o plano de recuperação judicial, a Oi esperava levantar pelo menos R$ 7,3 bilhões com a venda da ClientCo. No comunicado divulgado pela empresa, porque o valor foi bem menor do que a operadora esperava arrecadar, o “Juízo da Recuperação Judicial suspendeu a audiência da primeira rodada, para que a proposta seja apresentada pela Oi para análise e deliberação dos credores”.

Agora, os administradores judiciais da Oi terão dois dias para enviar a proposta recebida aos credores, e estes terão mais de 10 dias para dizer se concordam ou não. A juíza designou o dia 6 de agosto para retomada da audiência. No caso de discordância, a juíza Caroline Fonseca deverá declarar encerrada a primeira rodada e uma segunda rodada será marcada.

A avaliação do mercado é que, devido a enorme diferença da oferta da Ligga ao preço pretendido pelo vendedor, de 86%, os credores não aceitarão a proposta, obrigado a V.tal a confirmar sua oferta em nova rodada, que envolve troca de ações. A Ligga também terá direito a rever sua proposta e incluir troca de ativos ou ações.

O que está à venda

A Oi colocou à venda a sua base nacional de clientes de banda larga em fibra, que soma 4,3 milhões de acessos. A disputa previa, porém, que pudessem ser feitas aquisições regionais, pois segundo o mercado, era o pleito de alguns provedores regionais, mas que acabou não se confirmando.

A operadora conta com 4,73 milhões de clientes de banda larga em todo o país, incluindo clientes de outras tecnologias e que não fazem parte da ClientCo, conforme os números de maio deste ano da Anatel. Mas a sua base vem caindo mês a mês. A venda do ativo é fundamental para a empresa, em recuperação judicial, conseguir fechar o novo acordo com os seus principais credores privados.

Vero e BrasilTecpar

Fontes de Vero e BrasilTecpar, as duas operadoras regionais que também forma classificadas para apresentar propostas, disseram ao Tele.Síntese que o motivo da desistência desses dois players foi mesmo o acordo selado pela Oi com a V.tal, que usa a rede dessa empresa de infraestrutura para a sua oferta de banda larga.  ” O custo operacional imposto pela V.tal inviabiliza o negócio”, afirmou um dirigente, assinalando que o preço ofertado pela Ligga, por cliente, de R$ 250, é bem inferior ao praticado no mercado atualmente.

As duas empresas asseguram que vão continuar focados nos planos de expansão, e atentas às oportunidades de mercado, sem perder o foco no cliente.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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