Licenciamento do espectro de 6 GHz: implicações para o crescimento do setor
A faixa de espectro de 6 GHz deve ser licenciada para operadoras móveis em níveis de potência que possibilitem uma ampla gama de aplicações em ambientes internos e externos, gerando benefícios significativos para as economias digitais globais. Essa é a principal conclusão do relatório Evolução Móvel em 6 GHz, divulgado pela GSMA, que representa operadoras de redes móveis mundialmente. O documento integra novas pesquisas da GSMA Intelligence e análises de uso móvel da Ookla, explorando como a alocação do espectro na faixa de 6,425-7,125 GHz pode impactar a capacidade dos reguladores em apoiar o crescimento econômico.
Uso atual do espectro
O relatório revela que atualmente 70% do uso móvel ocorre em ambientes internos, sendo que 85% desse total utiliza a “faixa média”, que é fundamental para streaming de dados de alta largura de banda. Essa faixa é essencial para uma diversidade de casos de uso industrial e comercial, que exigem redes de alta capacidade com baixa latência. O crescimento do tráfego móvel global em 2023 alcançou níveis recordes, superando o volume total registrado em 2018. Para o futuro, prevê-se que o tráfego por conexão móvel cresça entre 2 a 4 vezes mais entre 2023 e 2030 em comparação com os sete anos anteriores.
Além disso, o relatório aponta que o espectro não licenciado pode ser utilizado de forma mais eficaz conforme os usuários avançam na curva tecnológica. Dados indicam que entre 22% e 78% do uso de Wi-Fi se dá por meio de tecnologia Wi-Fi 4, enquanto a faixa inferior de 6 GHz é pouco explorada para Wi-Fi 6E em países onde está disponível. As recomendações incluem que os formuladores de políticas evitem alocar espectro para compensar o uso ineficiente de frequências não licenciadas. Priorizar a migração para o Wi-Fi 6 seria uma estratégia eficiente para maximizar os impactos do Wi-Fi sem comprometer o espectro licenciado em 6 GHz.
Opções de políticas
O estudo analisa os benefícios econômicos de três opções de políticas para a faixa superior de 6 GHz: uso móvel licenciado, uso de RLAN não licenciado e habilitação do uso compartilhado com redução dos níveis de potência das implantações móveis. A conclusão é clara: o maior benefício econômico é gerado no cenário em que a faixa superior de 6 GHz é designada para uso móvel licenciado, o que propicia melhores resultados em comparação com as outras abordagens analisadas.
Para embasar a tomada de decisões, o relatório oferece uma análise aprofundada do crescimento do tráfego de dados e da utilização de dispositivos móveis, apresentando resultados relevantes para nove países. A abordagem analítica demonstra que a alocação eficiente do espectro é crucial para atender a demanda crescente, garantindo assim um desenvolvimento equilibrado e sustentável para o setor de telecomunicações.
Os reguladores e governos são incitados a considerar as novas evidências apresentadas no estudo, especialmente após importantes desenvolvimentos, como a conclusão da Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2023, que demonstrou um apoio crescente à utilização da faixa superior de 6 GHz para uso móvel licenciado em diversas regiões. Essas informações são fundamentais para a formulação de políticas que visem maximizar a eficiência no uso do espectro, considerando as rápidas mudanças tecnológicas e o aumento contínuo na demanda por conectividade de alta qualidade.