IoT tem debandada de fornecedores, mas clientes mantêm expectativas

No mesmo período em que Ericsson, Google, IBM e SAP entraram no caminho de retirada do mercado de internet das coisas, pesquisa apurou que empresas contratantes dos serviços alimentam expectativas com soluções.

IoT tem debandada de fornecedores, mas clientes mantém expectativas

Direções controversas movimentam o mercado de IoT: ao mesmo tempo em que grandes empresas suspendem seus projetos na área, consumidores mantêm expectativas e intenção de investir mais nas soluções disponíveis. Esse cenário foi debatido entre representantes do setor e analistas no Global Media Summit, organizado pela NetEvents e realizado na última semana no Vale do Silício, na Califórnia. 

Em 2022, a Ericsson vendeu o IoT Accelerator para a Aeris e o Google anunciou a desativação do IoT Core no segundo semestre deste ano — em 16 de agosto de 2023 –, e outros provedores como IBM e SAP entraram no mesmo caminho de debandada. Para Tom Bianculli, CTO da Zebra Technologies, o obstáculo pode estar no modelo de negócio.

“Tentar fazer isso de uma maneira realmente horizontal, quando ainda estamos no meio do inning (no meio do jogo), é difícil. E o que quero dizer com modo horizontal? Quer dizer: ‘Ei, vou criar uma plataforma de IoT que funcione em uma infinidade de casos de uso’, não é normalmente a maneira como as coisas ganham força. Você normalmente começa com: ‘Ei, encontrei um ‘bolso de valor’ que me permite implantar algo, e eu vou construir isso de ponta a ponta'”, avalia Bianculli.

Vikas Tandon, AVP de IoT da Tata Communications aponta um caminho de adaptação. “A integração horizontal está se tornando um desafio, mas também é algo que você verá porque nem todos virão para a mesma plataforma. E é aí que a estrutura comum, que é a empresa, tem que começar a pensar em trabalhar a partir de uma abordagem consultiva. Não posso necessariamente selecionar um fornecedor com base em onde ele está. Mas teremos que encontrar uma estrutura onde todos possam interoperar”.

Global Media Summit 2023 | Credito: Divulgação
Global Media Summit 2023 | Credito: Divulgação

No mesmo sentido, Marc Cohn, diretor de estratégia da Spirent Communications, mencionou a importância da integração. “O desafio que temos como indústria é que estamos vendo esse ecossistema desagregado. Precisamos começar a pensar em como podemos habilitar mais tecnologia horizontal, mas também como podemos fornecer uma maneira efetiva de permitir que várias empresas colaborem nesses sistemas mais amplos sem esse enorme custo centralizado, que costuma derrubar grandes projetos”. 

Consumidores otimistas

No outro lado estão os usuários, que segundo pesquisas, demonstram otimismo. Em questionário da Omdia realizado com empresas que utilizam soluções de IoT, em 2021, 65% dos entrevistados relataram que estavam investindo mais de US$ 500 mil em IoT; esse número subiu para 75% em 2022. O crescimento tem sido sólido desde 2020, quando apenas 50% dos entrevistados gastavam valor igual ou superior a esse.

O analista de IoT da Omdia,  John Canali, aponta que “onde os fornecedores de hardware e componentes estão prosperando, as empresas parecem otimistas”. “São realmente os provedores de serviços que têm lutado para ver sua posição na cadeia de valor da IoT”, afirmou.

Ainda de acordo com a pesquisa, ano a ano, há um crescimento de dois dígitos no número de empresas que gastam US$ 1 a 5 milhões e um crescimento de 5% naquelas que gastam mais de US$ 5 milhões.

Fora das estatísticas

Canali destaca que apesar dos resultados da pesquisa, os entrevistados podem ser tendenciosos quanto à avaliação do serviço, o que pode explicar os movimentos controversos no mercado. 

Apenas 8% dos entrevistados afirmaram que suas implantações de IoT não atenderam às expectativas. 47% afirmou que atendeu a expectativa e 43% declarou que os resultados foram melhores do que o esperado.

“Obviamente, há algum nível de preconceito para ser honesto aqui. As pessoas que estamos perguntando são as que implantaram as soluções. Certamente eles não querem fornecer comentários negativos sobre sua experiência. Mas, eu acho que a maioria desses números é bastante válida e que as empresas estão obtendo um bom retorno sobre o investimento”, afirmou Canali.

A repórter viajou a convite da NetEvents  para cobertura do Global Media Summit .

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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