Contas de mobile banking ultrapassam as de internet banking no país

Ao menos 60% das transações bancárias no país acontecem via algum canal digital. 16% acontecem via POS, enquanto 24% ainda são feitas em canais físicos, revela pesquisa da Febraban

A quantidade de pessoas que usam aplicativo no celular para realizar operações bancárias cresceu no Brasil em 2018, como era esperado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Mas aconteceu algo inesperado: o número daqueles que recorrem ao internet banking diminuiu.

Os dados aparecem na mais recente edição da Pesquisa de Tecnologia Bancária, divulgada hoje, 7. A pesquisa coletou informações junto a 19 bancos, incluindo os maiores em quantidade de correntistas do país. E constatou que em 2018 53 milhões de contas usaram o internet banking – que consiste no acesso via navegador instalado em computador. Significa uma redução dos 57 milhões registrados em 2017. Queda, portanto, de 7%. Foi a primeira vez que o número de acessos a internet banking caiu no país.

Já o número de contas que acessaram serviços via celular somaram 70 milhões ano passado, um crescimento de 23%. “A facilidade em poder resolver questões financeiras apenas usando o celular é um ponto-chave desse crescimento”, diz Gustavo Fosse (foto), diretor de tecnologia e automação bancária da Febraban.

Segundo ele, no entanto, não é possível afirmar que a queda de contas que acessaram o internet banking se deveu exclusivamente ao aumento do uso do celular. “Em 2017 houve um crescimento forte do internet banking devido a forte investimento para atrair o mercado de pessoas jurídicas a esta tecnologia, explica.

Mobile predomina

“A tendência é que o uso do celular continue a crescer”, acrescenta Sergio Biagini, sócio-líder da indústria de serviços financeiros da Deloitte, empresa que realizou a pesquisa para a Febraban.

Ele diz isso porque a sofisticação do tipo de serviço acessado pelo celular está aumentando. A quantidade de transferências, DOCs e TEDs, por exemplo, saltou 119% em 2018. O pagamento de contas aumentou 80%. A contratação de crédito, considerado um serviço sofisticado por envolver negociação, aumentou 60%, enquanto a realização de investimentos cresceu 36%. A pesquisa de saldo, tipo de operação mais comum, cresceu 17%.

Já no internet banking, o pagamento de contas ficou estável ano a ano, a contratação de crédito caiu 1% e a consulta de saldo se retraiu 17%.

Como já disse Fosse, a facilidade de realizar transações no celular está sendo o catalisador do canal. As empresas estão investindo mais na criação dos apps, na experiência e facilidade de uso.

Os dados mostram ainda que enquanto o número de transações no internet banking oscilou muito nos últimos anos – passou de 600 milhões em 2013 para 275 milhões em 2017 e 306 milhões agora em 2018 – o de transações no celular permanece mais alto e estável. Foram 447 milhões de transações neste canal ano passado (444 milhões em 2017, 442 milhões em 2016).

Ao menos 60% das transações bancárias no país acontecem via algum canal digital. 16% acontecem via POS, enquanto 24% ainda são feitas em canais físicos, como agências, caixas eletrônicos, correspondentes ou contact centers).

Volume movimentado

A pesquisa indica ainda que o usuário do celular realiza muito mais operações bancárias (que podem ou não envolver transações em dinheiro) que o do internet banking.Foram 31,3 bilhões de operações móveis no ano passado, contra 16,2 bilhões no internet banking.

Mas o internet banking ainda é preferido para movimentação financeira, com 24% das operações envolvendo valores. No mobile o número é de 10%. Há um crescimento do celular para a movimentação de valores, já em que 2017 eram 7% das operações. Mas o aparelho ainda é muito mais usado para a consulta de saldo.

Investimentos

Os bancos gastaram R$ 19,6 bilhões em tecnologia em 2018, um aumento de 3% sobre 2017. A maior parte desse valor foi aplicada em software (R$ 10,1 bilhões). Em seguida vem o gasto com hardware, que somou R$ 6,5 bilhões. E por fim, o gasto com telecomunicações, que somou R$ 3 bilhões.

O gasto com telecomunicações especificamente caiu 11,7% no ano passado. Segundo Fosse, essa retração não significa, porém, que os bancos estejam consumindo menos os serviços de telecomunicações. “Está havendo uma transformação no mercado, muitos dos serviços que antes eram gastos em telecom hoje são classificados como TI pelos bancos, então entram na conta de software ou até hardware”, diz.

Pelos cálculos da Febraban, o setor bancário foi responsável por 14% dos investimentos em tecnologia no país em 2018. É o mesmo porcentual do governo. Ambos são os maiores investidores em TI brasileiros. No resto do mundo, o governo é o maior, com 16% dos aportes, contra 13% do setor bancário.

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Rafael Bucco

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