Inteligência artificial vai eliminar postos de trabalho
O uso da inteligência artificial vai ter reflexos importantes sobre o mercado de trabalho. O primeiro deles deve ser a eliminação de postos que tendem a ficar obsoletos. Em compensação, novos cargos, que exigirão maior qualificação, devem ser criados. Ainda assim, o saldo final de vagas tende a ser menor.
Pesquisa divulgada hoje, 11 pela consultoria DuckerFrontier, realizada a pedido da Microsoft, aponta que o uso de inteligência artificial onde for possível no Brasil vai gerar uma redução de até 33% da necessidade de horas trabalhadas até 2030. Esse número diz respeito ao pior cenário, em que o país investiu em IA, mas não o suficiente, colhendo benefícios mínimos.
Caso os investimentos sejam altos, e haja a busca pelos benefícios máximos da IA, a redução da carga de trabalho sobre seres humanos seria menor, de 7%. Segundo a consultoria, esse fenômeno se daria porque haveria maior demanda por profissões que vão surgir a partir da evolução tecnológica.
O estudo da DuckerFrontier sustenta que a redução na carga horária de trabalho não levaria automaticamente a uma perda de postos de trabalho em todos os casos. Segundo a consultoria, as empresas poderiam alocar novas tarefas a seus empregados ou até reduzir a carga horária.
Se os cargos de menor qualificação tendem a reduzir, deve haver aumento de necessidade por profissionais liberais, técnicos de nível médio e gerentes. Atualmente, os empregos com este nível de qualificação representam 34% dos existentes no país, diz a consultoria, e podem passar para 54% em 2030.
As simulações consideram as áreas de serviços públicos, prestação de serviços corporativos, comércio varejista, atacadista, hotelaria e alimentação, construção, manufatura, mineração, água e energia, e agricultura e pesca.
Diante disso, Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, alerta para a necessidade urgente de aperfeiçoamento nas políticas de educação. “É imperativo melhorar o nível de aprendizagem dos nossos jovens (do ensino fundamental à universidade), promover mais e mais o ensino técnico, garantir a atualização permanente do conteúdo programático dos cursos de graduação em Tecnologia e promover a requalificação profissional em escala exponencial, para permitir que nossa força de trabalho não seja afetada pela transformação do emprego”, afirma.
Produtividade
Apesar desses efeitos sobre o mercado de trabalho, a consultoria aponta que a inteligência artificial deve trazer ganhos de produtividade, resultando no em aumento do PIB mesmo caso haja pouco estímulo à sua adoção no país.
A DuckerFrontier elaborou três cenários. No primeiro, em que os investimentos em IA são mantidos dentro dos níveis históricos registrados até hoje no Brasil, haveria um aumento composto (CAGR) no PIB de 2,9% até 2030. Já a produtividade aumentaria 1,7%.
No segundo cenário, em que há um investimento maior que o tradicionalmente visto no Brasil, o PIB cresceria 4,7% (CAGR), enquanto a produtividade, 7%. E, para o caso de investimentos máximo na tecnologia, haveria expansão do PIB de 7,1% (CAGR), e de 6,5% na produtividade.
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Projeção Padrão |
Cenário de choque de IA |
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Linha base |
Cenário de beneficios mínimos da IA |
Cenário de beneficios máximos da IA |
Fatores |
Previsão Econômica |
A partir de estimativas de PIB e emprego da DuckerFrontier |
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Adoção de IA |
De acordo com as tendências históricas recentes |
Toda a tecnologia de IA existente hoje adotada para 2030 |
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Benefícios derivados de IA |
Aplicável apenas em cenários de choque de IA |
Mínimo, de acordo com o histórico da América Latina |
Máximo, de acordo com as economias desenvolvidas historicamente |
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Resultados |
PIB, 2018-2030 CAGR |
2,9% |
4,7% |
7,1% |
Produtividade, 2018-2030 CAGR |
1,7% |
7% |
6,5% |
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Nível de qualificação profissional |
Médio/Alto |
Alto |
Alto |
O estudo destaca ainda cinco categorias que deveriam ser priorizadas para o desenvolvimento de IA no país: governo, serviços públicos e governança; educação, habilidades e capacitação; pesquisa, inovação e desenvolvimento; infraestrutura de tecnologia; e ética, regulamentação e legislação. É citado como exemplo a necessidade de um amplo compromisso do governo em liderar o desenvolvimento de uma estratégia nacional de IA aliado com o envolvimento do setor privado, da academia e da sociedade civil.