Inteligência artificial da BRF sabe a procedência dos grãos
A BRF – dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy – já obteve uma economia de R$ 9 milhões dentro de sua cadeia de suprimentos ao empregar, desde 2020, inteligência artificial juntamente com outras tecnologias emergentes para mapear a procedência dos grãos utilizados pela Companhia. Em 2021, a empresa investiu cerca de R$ 10 milhões em sua Jornada Commodities 4.0. O montante foi aplicado na atualização de plataformas existentes e na implementação de novas tecnologias para garantir a rastreabilidade dos grãos.
O projeto Commodities 4.0 é resultado de uma parceria das equipes de commodities e de tecnologia e utiliza monitoramento geoespacial para verificar se esses insumos estão dentro da regulamentação correta. A Jornada Commodities 4.0 conta ainda com um smart center, em Curitiba (PR). Nesta estrutura, a empresa utiliza monitoramento geoespacial, big data e inteligência artificial para acompanhar toda a sua cadeia de fornecimento.
“A tecnologia é uma das frentes estratégicas desta jornada e uma alavanca para a companhia alcançar resultados cada vez melhores. Dentro de uma visão integrada, estamos conectando do grão à mesa com o uso de novas tecnologias”, diz Antonio Carlos Cesco, diretor de Tecnologia da BRF. Alessandro Bonorino, vice-presidente global de Gente, Gestão e Transformação Digital da BRF, informa que o projeto faz parte da estratégia de transformação digital da companhia e também tem como objetivo melhorar o relacionamento
com os diferentes stakeholders por meio de transparência e conectividade, além de transformar os processos da empresa.
O investimento de R$ 10 milhões é parte dos R$ 700 milhões que serão direcionados para iniciativas de transformação digital da BRF pelos próximos quatro anos. A empresa tem mais de 60 projetos de transformação digital em que a IA tem papel importante em diversas áreas. A área de RH conta com a assistente virtual Flor do RH que disponibiliza atendimento de serviços transacionais para os funcionários, podendo ser acessada por WhatsApp (por voz e texto) ou no Portal Gente. A assistente realiza uma média mensal de 115 mil atendimentos e está preparada para responder 1075 diferentes questionamentos, contando com mais de 21800 exemplos de perguntas. Segue em evolução e em breve estará disponível nos idiomas turco e inglês.
Já a Sophia é uma assistente virtual voltada para atendimento aos clientes visando ampliar o relacionamento da Sadia. Surgiu em dezembro de 2020 e em maio de 2021 passou a atender outras marcas como Perdigão, Qualy, Kidelli, Deline, Claybom e Balance, otimizando o tempo dos clientes com respostas rápidas e de qualidade. Há ainda o uso de IA em um projeto de sugestão de pedidos em parceria com a Ambev.
A expectativa da BRF é tornar-se Net Zero até 2040, incluindo suas operações e a cadeia produtiva. A nova política estabelece os procedimentos de compra com todos os parceiros, principalmente aqueles que estão localizados próximos a áreas de alta vulnerabilidade social e ambiental, com risco de desmatamento no Brasil.
Para cumprir com essas diretrizes, a BRF conta com uma plataforma tecnológica que integra processos que envolvem a rastreabilidade dos produtos e analisa a origem dos grãos adquiridos, trazendo mais transparência, assertividade e agilidade aos processos de compra por conectar os produtores diretamente à BRF. Antes mesmo de dar início às negociações, é possível identificar os que estão em linha com os compromissos de sustentabilidade da empresa.
“Em Curitiba, temos 17 monitores que acompanham o mapeamento satelital para avaliar como estão indo as lavouras e as áreas cultivadas, o plantio, a evolução da cultura, a colheita e o desempenho da safra em todo o mapa do Brasil. Os nossos compradores têm um aplicativo que fornece esses dados, assim como predição de preços, tendências e diversas informações para a tomada de decisão. Se ele verifica que o preço está subindo, compra de maneira mais eficiente. Além da rastreabilidade dos grãos para verificarmos se estão vindo de alguma área com desmatamento ou conflito. Acompanhamos 55 indicadores”, explica Bonorino.
Ele conta que o projeto começou em 2020 e a IA permeia todas as análises, desde as predições de preço até a evolução das culturas. As imagens são captadas e fornecidas por um parceiro de tecnologia e as análises são feitas internamente. O objetivo da BRF é avançar no compromisso de mapear a procedência de 100% dos grãos da Amazônia e do Cerrado até no máximo 2025, bem como no cumprimento de sua política para se certificar da procedência dos grãos e de compra de grãos sustentáveis, que permite identificar os fornecedores que estão em linha com os compromissos de sustentabilidade da empresa.
“Além da economia obtida, há benefícios adicionais de reputação e por fornecer elementos para certificações. Sem dúvida, teremos um selo que nos diferencia por não estarmos comprando de áreas com desmatamento ou invadidas. Compramos grãos de todo o país, inclusive dos nossos granjeiros que produzem grãos. Temos uma outra plataforma que os permitem vender por meio deste aplicativo”, completa Bonorino.
A ferramenta é dinâmica e evolui diariamente a partir dos dados coletados, para que a empresa possa garantir a rastreabilidade de toda a cadeia, de ponta a ponta. , assegurando-se da procedência dos grãos. Ao identificar parceiros em desacordo com as políticas estabelecidas, a empresa notifica e orienta os produtores para garantir a origem dos grãos adquiridos pela Companhia.