Integração de dados, o dilema do governo digital

É necessário fomentar a integração dos dados e de sistemas, além de um programa em massa de capacitação para que a população possa vir a fazer o melhor uso dessas informações, afirmaram especialistas no 5x5 TEC Summit.
As ações do governo digital, por Rodrigo Mauro Ruiz de Matos - Superintendente da Prodesp | Credito: 5x5 Tec Summit
Rodrigo Mauro Ruiz de Matos – Superintendente da Prodesp | Credito: 5×5 Tec Summit

A transformação digital de um país vai além da digitalização de serviços públicos e do tratamento dos dados.  Ao debaterem o estágio da transformação digital na administração pública, durante painel realizado no 5×5 Tec Summit, nesta segunda-feira, 6/12, especialistas reconheceram que a pandemia acelerou a digitalização do serviço ao cidadão, mas que ainda há muito o que melhorar.

É necessário fomentar a integração dos dados e de sistemas, além de um programa em massa de capacitação para que a população possa vir a fazer o melhor uso dessas informações. A inclusão digital, sustentaram os especialistas, pressupõe que os serviços estejam acessíveis a todos e que haja disponibilidade sem amarras e o legado da burocracia analógica.

Conforme apontou o ministro do Tribunal de Contas da União ,Aroldo Cedraz, desde 2015, o órgão assumiu a responsabilidade de estimular a transformação digital do setor público. criou o programa Brasil 100% e editou uma série de normas que culminaram na promulgação do Decreto 14.123 em março desde ano. “Alcançamos o sétimo lugar em maturidade digital. Apesar de tais avanços, existem pontos que precisam de especial atenção”, disse Cedraz, fazendo referência ao GovTech Maturity Index 2020, ranking divulgado pelo Banco Mundial que avalia a transformação digital do serviço público em 198 países.

Para o ministro, é urgente que todo o setor público aplique novas tecnologias como inteligência artificial, blockchain, internet das coisas e até o recém-lançado metaverso. “O que chamamos de governos 4.0 é integração total de todos os dados, processos de trabalho e serviços oferecidos à sociedade. O governo deveria atuar de forma preditiva por meio de algoritmos de IA para analisar os dados a fim de prevenir desvios ou fraudes e assegurar recursos em prol da população”, acrescentou, reconhecendo que quebrar os silos, responsáveis por aprisionar os dados públicos, em uma autarquia, não é uma tarefa simples.

TI como protagonista na agenda pública

Esse também é um desafio de Rodrigo Mauro Ruiz de Matos, superintendente da Prodesp, a empresa de informática do Governo do Estado de São Paulo, responsável, entre outros, pelo Poupatempo. “Nosso trabalho aqui foi ampliar a parceria com setor privado e o acesso aos serviços; e como podemos ser elemento que traga melhor tecnologia, melhor recurso e a parte técnica”, disse. Entre os desafios, a Prodesp tem de lidar com dados espalhados em dois mil sistemas diferentes.

“Hoje é senso comum que não existe serviço bem prestado sem uso de tecnologia. A agenda da TI se tornou protagonista, saiu do nicho para falar horizontalmente em qualquer  pauta e isso inclui a modernização dos serviços públicos”, reforçou Gustavo Rabelo, CEO da EDS. Ele chamou a atenção para a necessidade de atender cada vez melhor o cidadão por meio dos canais digitais, até porque as novas gerações não aceitarão não contar com essa modalidade de serviço.

Segundo Rabelo, é por meio da computação em nuvem que as esferas públicas vão conseguir caminhar na transformação digital, uma vez que o modelo de contratação de cloud permite a escalabilidade. “Em governo, temos entidades de todos os níveis e a transformação digital só é viável de ser atingida com o advento de tecnologia como a nuvem que é capaz de atender de um pequeno município a um grande estado como São Paulo”, explicou.

Na mesma linha, Marcelo Faustino, responsável pela liderança de bancos públicos e governo federal na Red Hat, destacou que a tendência dos serviços digitais é alta e que a eficiência precisa estar enfatizada. “Tem de direcionar esforços para a inclusão de todos, porque os serviços digitais devem ser para todos. Vemos do governo federal maturidade forte dos serviços digitais e tendo a modernização por trás. Mas, muitas vezes, trazemos um processo burocrático para o digital. Acredito que os próximos passos com a lei são a massificação da matriz dos serviços digitais para estados e municípios”, disse.

Criar cultura de pensamento digital é chave para toda a estratégia, pontuou Umberto Araújo, líder de vendas de governo no time AWS Setor Público. “Há um ganho de maturidade certame após certame de contratação de nuvem, mas precisamos evoluir para diminuir barreiras processuais e propiciar inserir inovações”, completou.

 

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Da Redação

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