Indústria de telecom vai crescer 10% em 2021. A de informática, 20%, prevê IDC

Indústria prevê crescimento das vendas em 2021 e se diz otimista com chegada de vacinas para combater a covid-19 e reformas que deverá ocupar a pauta do Congresso Nacional

O ano de 2021 promete ser melhor que o de 2020, a depender das previsões da indústria. A Abinee, entidade que reúne as fabricante de produtos elétricos e eletrônicos, divulgou hoje, 10, relatório com previsões elaboradas pela consultoria IDC Brasil.

O segmento de telecomunicações vai crescer na ordem de 10%, depois de uma retração de 1%, indica a consultoria. Dois fatores vão pesar. O aumento dos preços de smartphones e, em infraestrutura, o upgrade das redes 4G para 5G – caso o leilão de espectro da Anatel se concretize ainda no primeiro semestre.

Segundo a IDC, a retração das vendas em telecomunicações neste ano de 2020 se deve à cautela dos consumidores, que preferiram gastar com notebooks. Em unidades, serão vendidos 5% menos celulares que em 2019, totalizando 43,2 milhões de unidades.

Ainda assim, a participação do mercado de smartphones com preços inferiores a R$ 900 encolheu pela metade. Foi observada elevação nas vendas de aparelhos que custam mais de R$ 2 mil, que passaram de 10% para 15% do total. Este movimento levou ao aumento do tíquete médio e elevou o faturamento, o que garante crescimento ao segmento neste ano.

Como, no entanto, as vendas de equipamentos para infraestrutura de rede caíram 9%, a área de telecom como um todo amargará o recuo de 1% em receita, considerando a inflação do período. A receita da indústria de telecomunicações no Brasil terminará 2020 em R$ 40,17 bilhões.

Informática

O IDC diz ainda que as vendas das fabricantes de equipamentos de informática vão crescer 20% em 2021 em função do aumento da demanda por serviços em nuvem, que exige mais data centers. Além disso, há a percepção de que o modelo de home office veio para ficar, o que manterá aquecida a demanda por notebooks.

O segmento passou por transformações neste ano. O crescimento da prática do home office e do ensino a distância foi positivo para o mercado de notebooks, que venderam 18% mais se comparado a 2019, atingindo 4,9 milhões de unidades.

Por outro lado, os desktops deverão recuar 24% e os tablets cairão 13% até o final deste ano, acentuando o declínio que já experimentavam nos anos anteriores.

Além da desvalorização cambial, o aumento das vendas de notebooks contribuiu com a elevação do faturamento da área de Informática, visto que esses equipamentos apresentam preços médios mais elevados do que os desktops e os tablets.

Conforme dados do IDC, a participação do mercado de PCs em unidades com preços superiores a R$ 3 mil aumentou de 31% em 2019 para 48% em 2020. A receita da indústria de informática no Brasil terminará 2020 em R$ 34,84 bilhões.

Confiança

A Abinee também revelou pesquisa com seus associados que mostram otimismo. Para 75% dos respondentes, haverá crescimento em 2021.

Para Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, essa projeções surpreendem uma vez que a pandemia de covid-19 ainda é uma realidade no país e há necessidade, a seu ver, de reformas estruturais que reduzam o chamado “custo Brasil”.

“Não esperava essa expectativa, mas acredito que a perspectiva de vacina e o resultado do emprego no setor explicam a confiança em um 2021 melhor”, disse ele hoje, em encontro virtual com jornalistas. Conforme levantamento da entidade, as indústrias do setor vão terminar o ano com 4% mais empregados do que tinham ao final de 2019.

Falta de insumos

Ele ressaltou que a indústria estava descrente de que haveria de fato recuperação em “V” no setor depois da forte retração do começo do ano. Mas essa recuperação ocorreu no segundo semestre.

Como não confiavam numa recuperação rápida, houve falta de insumos. Barbato disse que produtores de eletroeletrônicos ainda sofrem com problemas para repor embalagens, uma vez que falta plástico e papelão no mercado.

Ele disse também que há falta de aço, o que impacta principalmente o segmento das indústrias de materiais elétricos. Por enquanto, as fabricantes enfrentam essa carência com redução de estoques. “No que tange os componentes para a produção, não estamos tendo nenhuma dificuldade”, ressaltou.

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Rafael Bucco

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