IA identifica capacidades ocultas em fábrica de cosméticos

Diferente da capacidade ociosa, a capacidade oculta refere-se a processos equivocados dentro da fábrica. Com a IA, ganhos na indústria de cosméticos e remédios podem chegar a R$ 35,5 bi.
IA identifica capacidade oculta em fábrica de cosméticos. Crédito: Freepik
IA identifica capacidade oculta em fábrica de cosméticos. Crédito: Freepik

Indústrias de processo como a de cosméticos e a farmacêutica podem auferir ganhos de até R$ 35,5 bilhões com IA, que são capazes de identificar capacidades ocultas em suas plantas industriais. É o que aponta um estudo da startup Cogtive, que desenvolve software para melhoria dos processos produtivos na manufatura, com recursos de inteligência artificial.

O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de cosméticos em todo o mundo, de acordo com o Panorama Setorial 2023 da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). No entanto, há um potencial subaproveitado entre os fabricantes do setor.

Reginaldo Ribeiro, CEO da Cogtive, diz que a pesquisa aponta o quanto há de desperdício devido à capacidade oculta, que é a capacidade da planta produzir até 30% mais sem novos investimentos. Ele ressalta que não se trata de capacidade ociosa – aquela medida a partir da capacidade instalada e queda em seu uso devido à baixa de produção em cenários de desaceleração -, mas sim a capacidade que a empresa tem e não percebe devido a processos equivocados.

“A indústria teria até R$ 36,5 bilhões para aumentar em faturamento anual, se essa capacidade oculta fosse identificada e aproveitada. Isso pode acontecer a partir de investimentos em tecnologias para acompanhamento e automação dos processos a partir de inteligência artificial”, diz Ribeiro.

Ele cita o caso da indústria farmacêutica que, na produção de medicamentos sólidos, tem diversos lotes de produtos diferentes atravessando a planta fabril. A solução da Cogtive digitaliza esses produtos, no conceito de gêmeo digital, que é a virtualização de um ativo fixo.

“Oferecemos uma tela em que é possível ver um lote de um determinado remédio; e acompanhar toda a trajetória do lote na fábrica, mostrando onde os gargalos estão ocorrendo, qual o lead time produto – ciclo de produção ou tempo que um produto leva para chegar ao consumidor, desde o momento do pedido, passando por produção, despacho e entrega. A partir desse entendimento, o  software se aprofunda nos indicadores de performance dos equipamentos que produzem aquele produto, mostrando onde estão as oportunidades para se reduzir o ciclo de produção. Outro ganho pode se dar na redução de tempo de set up de equipamentos na troca de produtos”, esclarece o CEO da Cogtive.

Para que essa capacidade oculta seja explorada, ele sugere projetos que combinem recursos de inteligência artificial e internet das coisas (IoT) usados nos softwares de gestão fabril. A solução coleta dados de fábrica traz, com bastante transparência, as oportunidades de aumento de produtividade, de volume produtivo, redução de inventário e estoques, fazendo com que os produtos tenham um preço mais competitivo para os consumidores.

“Usamos IoT, IA, tablets para interação com o chão de fábrica, digitalizando a jornada do operador e de equipamentos que nasceram offline. Transformamos tudo em um ambiente digitalizado e de fácil acesso às lideranças industriais. Com isso, nossos clientes conseguem produzir com a mesma planta e o mesmo número de pessoas”, explica Ribeiro.

Entre os clientes está a OuroFino Saúde Animal que aumentou em 29% o volume produtivo usando a ferramenta. A Apsen Farmacêuticca reduziu pela metade o lead time de produção.

A empresa também atua no segmento automotivo e agora está estendendo a atuação para o ramo de concessionárias, instalando câmeras de inteligência artificial. “As câmeras inteligentes conseguem captar todas as informações de produtividade para fazer com que o veículo em manutenção saia o mais rápido possível da área de serviços para o consumidor final. Os dados – tempo de serviços como troca de óleo, alinhamento, balanceamento – são traduzidos em indicadores, relatórios, para que os gestores possam enxugar suas estruturas em termos de processos, procedimentos e velocidade de operação”, diz Riberio.

 

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Da Redação

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