IA ajuda funcionários da Caixa a ler 4 mil normas de financiamento

Bancos têm utilizado tecnologia para desenvolver funcionalidades que vão desde auxiliar no atendimento a backoffice, marketing e até jurídico

IA ajuda funcionários da Caixa a ler 4 mil normas de financiamento

Na Caixa Econômica Federal, maior agente financeiro de habitação do país com cerca de 65% do mercado, os funcionários que trabalham com financiamento residencial e os demais tipos oferecidos pela instituição não precisam mais procurar informações manualmente em mais de 4 mil normativas para avaliar e aprovar uma concessão de crédito porque passaram a ter o auxílio da inteligência artificial (IA).

“Hoje, eles têm isso na interface de trabalho, apresentado de maneira intuitiva, o que traz um ganho de eficiência”, conta Laércio Lemos de Souza, vice-presidente de Tecnologia e Digital da Caixa Econômica Federal.

De acordo com o executivo, o banco já adota a IA generativa na carteira de habitação, o que reduziu a análise e os processos de aprovação de crédito de três dias para poucas horas.Souza foi um dos participantes do painel sobre a disrupção da IA no setor financeiro na visão dos CIOs dos bancos que abriu o segundo dia do Febraban Tech.

Banco do Brasil

No Banco do Brasil, outra instituição financeira estatal, a IA vem sedo utilizada desde 2013. Uma das funcionalidades adotadas pelo banco é no reconhecimento da prova de vida do INSS, que passou a ser feito digitalmente, eliminando a necessidade do aposentado se deslocar até uma agência.

Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia da instituição deu ainda outro exemplo de uso. A IA permite que o banco saiba exatamente a quantidade necessária de cédulas de papel em cada uma das quase 4 mil agências espalhadas pelo Brasil. “Isso nos ajudou muito na gestão de despesas”, afirmou.

Já no Itaú Unibanco, os ganhos têm sido percebidos, principalmente, na produção de códigos pelos engenheiros. Atualmente, segundo Ricardo Guerra, chief information officer (CIO) do banco, mais de 8 mil engenheiros da empresa utilizam o GitHub, plataforma de desenvolvimento de software da Microsoft, e com ele já produziram mais de 1 milhão de linhas de código.

“O risco de alucinação (ao produzir com IA generativa) existe, mas o code review da ferramenta corrige e nos permite colocar a solução em teste e, depois, em produção. O nível de erro da ferramenta é bem menor do que a do ser humano em geral, algo importante na escala em que trabalhamos”, disse.

Edilson Reis, CIO do Bradesco, acredita que é preciso avaliar em que casos a IA generativa deve ser utilizada. No banco, por exemplo, a solução de chatbot voltada para o atendimento ao cliente, utiliza IA, mas não a generativa.
“A IA generativa não é uma bala de prata que vai resolver todos os problemas. É preciso saber quando usar, quando fazer o uso combinado com outros modelos de IA”, disse.

Segundo Edilson Reis, a Bia, lançada em 2016, soma mais de 2 milhões de interações com os clientes desde então. De janeiro a maio deste ano, mais de 800 mil clientes a acionaram para realizar um Pix. No total, essas transações chegaram a R$ 55 milhões.

“Nesse caso, não é necessário que seja a IA generativa. Precisamos fazer um uso racional dela, voltado para o resultado que a gente deseja atingir com a iniciativa”, afirmou.

No BTG Pactual, a IA está sendo usada para auxiliar toda a operação. “Ela não está só na parte de atendimento, via chatbots, está permeando todo o backoffice, jurídico, compliance e proteção contra a fraude”, contou Christian Flemming, CIO e COO do banco.

Para o futuro, o executivo vê a IA, especialmente a generativa, auxiliando na hiperpersonalização dos negócios, possibilitando tanto campanhas de marketing quanto o desenvolvimento de produtos mais específicos de acordo com as necessidades de cada cliente. “Essa será a forma com que vamos mudar, de fato, a experiência do cliente.

O Febraban Tech, evento de tecnologia e inovação promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vai até esta quinta-feira, 27, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

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Simone Costa

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