Huawei se isola na liderança do mercado de infraestrutura
A operação em telecomunicações está se transformando rapidamente, com acelerada migração dos sistemas para modelos digitais, virtualizados e móveis. No começo da década eram as fornecedoras europeias as principais responsáveis pelos rumos da tecnologias no setor. Mas o que se vê atualmente, ao menos conforme os últimos balanços financeiros, é a mudança no eixo dos negócios, que se moveu definitivamente para o oriente.
A Huawei apresentou hoje, 31, os resultados financeiros obtidos em 2016, com números que impressionam. A divisão da companhia dedicada a fornecer infraestrutura de telecomunicações faturou US$ 41,8 bilhões no ano, após crescer 24%. Depois de superar, ano passado, as concorrentes e passar ao topo do ranking das fornecedoras, agora superou em muito as receitas de Ericsson e Nokia no mesmo período, a ponto de faturar quase o mesmo que ambas, juntas. A sueca, que já foi a líder isolada desse mercado, registrou receitas de US$ 25,16 bilhões ano passado. Enquanto a finlandesa, de US$ 25,19 bilhões, após quase dobrar de tamanho graças à aquisição da Alcatel-Lucent.
Já a companhia chinesa adotou, ainda, modelo de crescimento que as concorrentes parecem ter abandonado. O grupo, composto por divisão de operadoras, de corporativo e de consumidor, faturou US$ 75 bilhões, 32% a mais que em 2015. Cresceu em todas as frentes, atendendo a empresas e vendendo celulares.
Vale lembrar que a Ericsson e Nokia se desfizeram de seus negócios de celulares. A Nokia ainda busca retomá-lo a partir de modelo de licenciamento de marcas e patentes, já a Alcatel-Lucent, hoje da mesma Nokia, se desfez de sua unidade de comunicação corporativa lá atrás.
Enquanto as europeias buscam foco, a Huawei tem interesse em dominar todas as frentes no mercado de telecom. A estratégia parece funcionar. A companhia mais que dobrou de tamanho, em receita, desde 2012, em lucro operacional, em lucro líquido, em ativos. Registra, desde então, um crescimento médio, ano a ano, de 24% no faturamento.
O mesmo não se pode dizer das concorrentes, que diante da ferocidade e das ofertas da chinesa, perdem receita desde então. A Nokia, em 2012, registrou receita, em euros, de € 30 bilhões. A Ericsson, em coroas suecas, de SEK 227 bilhões, algo como US$ 23,5 bilhões. Não à toa a Huawei já foi acusada de praticar preços abaixo do razoavelmente praticado na União Europeia, juntamente com outras empresas chinesas, e ano passado foi alvo de sanções na Índia por dumping, ao lado de ZTE e da subsidiária na China da Alcatel-Lucent (Nokia).
Se há a prática, e ela persiste, em todos os mercados, os reguladores é que vão decidir. Já a fabricante, não tem dúvidas: o plano é liderar em todos os mercados em que está. Avisa que seu foco no segmento ao consumidor é trabalhar para superar a Apple em venda de smartphones até o final de 2018; no segmento corporativo, liderar no que batiza de “transformação digital inteligente” (na qual inclui a internet das coisas); e no segmento de operadoras, ser o maior fornecedor de infraestrutura “all cloud”, ou seja, virtualizada. Tudo sem abrir mão de nenhuma porcentagem conquistada com outros produtos ou serviços.