Habilidades digitais vão definir a sobrevivência das empresas, alerta especialista
Ter funcionários capazes de lidar com os desafios da sociedade conectada já era importante antes da pandemia de covid-19. Com a crise sanitária, essa necessidade tornou-se fundamental e não vai regredir, conforme avalia Laura Zanatta, gerente sênior de people and change da consultoria KPMG.
“Mais de dois terços dos executivos de RH acreditam que a gente precisa de uma transformação radical e desenvolver as habilidades desses profissionais. Agora estamos vendo que precisamos de outro tipo de perfil, de habilidades que sabíamos que eram necessárias e se tornaram questão de sobrevivência”, disse. A executiva participou nesta segunda-feira, 19, de live sobre o novo trabalho organizada pelo Tele.Síntese.
Para Zanatta, empresas que reduziram orçamentos para treinamento e aprendizagem cometeram um erro, e deveriam rever tal medida. A seu ver, com ensino o funcionário desenvolverá a capacidade de se adaptar ao cenário incerto em que mergulhamos. As habilidades mais exigidas hoje pelo RH são “pensamento crítico, resolução de problemas complexos, criatividade, foco, olhar para o serviço, capacidade de colaboração muito grande”, elencou.
O perfil da liderança também mudou, ressaltou ela.
“Essa liderança hierárquica que vem de herança da era industrial, onde eu preciso ter certeza que o colaborador está trabalhando na minha frente, já era. No cenário que estamos vivendo, não faz mais sentido. Precisamos de um profissional com perfil completamente diferente, principalmente a liderança, que dá o tom para as estruturas organizacionais”.
E acrescentou: “A característica do líder hoje é muito mais ser capaz de tolerar o erro, criar um ambiente de segurança psicológica, onde as pessoas conseguem errar e aprender mais rápido. É o oposto do comando e controle”.
Gestão do que é fluido
Paulo Moreira, diretor de marketing da Simpress, concorda. Segundo ele, o mercado atual exige uma capacidade analítica dos profissionais. Mas vai além. Para ele, o profissional tem de estar mais atendo à capacidade de gerir contratos. O tempo de que a atenção era sobre os ativos já não existe mais.
“Na minha visão o profissional do futuro vai ter de saber fazer a gestão de contratos, de coisas que fluem, não gestão de ativos”, afirmou.
Neste ponto, diz, as organizações precisam estar abertas inclusive para ter líderes que não pensam em contratar, mas em buscar trabalho qualificado fora da empresa. “O mundo com tanta pluralidade de conhecimento, não dá mais pra esperar ter todo o conhecimento em casa, isso é muito difícil. As corporações estão passando por esse momento de transformação. A chance de empresas com dificuldade [superarem desafios] é recorrendo a especialistas”, disse.