Governo, Abramulti e NIC.br vão treinar policiais no combate ao cibercrime

Previsto para começar em fevereiro, curso online vai formar 80 agentes por turma, com previsão de 500 neste ano. Parceria também resultará em um congresso sobre cibersegurança a ser realizado ainda em 2021 e banco de informações sobre ataques DDoS contra ISPs

O Ministério da Justiça (MJ), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o NIC.br e a Abramulti, entidade que representa provedores de internet, firmaram uma parceria para ampliar a capacitação de policiais no combate ao cibercrime e realizar conjuntamente, neste ano ainda, um congresso brasileiro de cibersegurança.

A parceria prevê que o NIC.br ministre um curso online para cerca de 80 policiais civis e federais por turma, a partir de fevereiro. O curso será adaptado de outros cursos online já elaborados pelo NIC.br, com duração de um mês e aulas ao vivo, embora remotas. A ideia é treinar cerca de 500 agentes neste ano.

Caberá ao MJ, através do Laboratório de Operações Cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas (Ciber Lab), encaminhar os agentes interessados em participar, das Polícias Civil e Federal. “Entendemos que a capacitação é a melhor forma de enfrentamento ao crime cibernético. Estamos alinhando os detalhes de elaboração do curso com o NIC.br”, contou ao Tele.Síntese o coordenador do Cyber Lab, Alessandro Barreto.

Congresso

Representantes do Ciberlab, do MCTI, da Abramulti se reuniram no NIC.br, em São Paulo, no dia 14 de janeiro para tratar do tema. Além da capacitação, a parceria vai resultar em um congresso de cibersegurança, evento presencial a ser realizado em meados do ano ou no segundo semestre em Brasília (DF), a depender da evolução da pandemia de covid-19.

O congresso terá dois dias, pelo menos. Terá curadoria de todos os envolvidos. MCTI também fará a articulação e divulgação do evento, assim como a Abramulti. No público, participarão os agentes formados na capacitação e outros interessados. As palestras serão de especialistas brasileiros e vindos do exterior, de delegacias de outros países para contar suas experiências.

Para a associação de provedores de internet, a iniciativa aproxima as empresas das Polícias Civil e Federal. Segundo o presidente da entidade, Robson Lima, o resultado dessa aproximação vai além do evento. Os ISPs pretendem criar um sistema de informação para ser alimentado com casos de ataques DDoS praticados contra suas redes, em todo o país.

“Isso será usado para se criar formas e estratégias para a defesa dos provedores e servir de informação ao Ciberlab para montar os casos. Será aberto um cadastro e a Abramulti vai elaborar uma cartilha para os provedores a usarem”, conta Lima.

Mais segurança

O desejo dos ISPs com a aproximação é ter mais segurança. Recentemente, muitos foram alvo de crackers (como são chamados os hackers que usam suas habilidades para cometer crimes) que praticaram ataques de negação de serviços (DDoS) a suas redes.

No final de 2020, dois responsáveis por esses ataques foram presos. Conhecidos por Topiary e Guerreiro, os criminosos atacavam as redes, derrubando seviços. Pediam compensação financeira para cessarem a prática. Foram registrados casos no Tocantins e em Goiás, embora na época provedores de outras partes do país tenham contactado as delegacias para fazer denúncias semelhantes.

Um dos crackers, aquele conhecido por Guerreiro, também é dono de um ISP e atacou redes de concorrentes em Goiânia a fim de obter vantagem concorrencial. Ele também foi denunciado por ataques em Anápolis, Jataí e, junto com Topiary, em Palmas. Topiary já foi solto e responde em liberdade.

O processo aberto em Palmas já foi encaminhado à Justiça, que prepara a oitiva de testemunhas. O processo aberto em Goiás teve as investigações concluídas nos últimos dias de 2020. No momento a papelada está sendo digitalizada para ser encaminhada à Justiça do Estado. Guerreiro estava preso enquanto apurávamos esta notícia.

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Rafael Bucco

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