Goldman Sachs estima inflação maior no país em 2023
O Goldman Sachs reduziu sua projeção para a inflação ao consumidor brasileiro neste ano, mas elevou a estimativa para 2023, citando o efeito de cortes de tributação.
“Dadas as recentes medidas de redução de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações,estamos reduzindo nossa projeção para a inflação medida pelo IPCA ao final de 2022 para 7,5% (de 9,1%)”, afirmou em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.
Na sua opinião, como algumas das medidas de desoneração fiscal devem ser revertidas no próximo ano e num cenário de piora da conjuntura fiscal, “aumentamos as projeções de inflação para o final de 2023 para 5,4%, de 5,0%.”
O presidente Jair Bolsonaro sancionou na semana passada um projeto que estabelece teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo. Além dessa iniciativa, o governo já cortou alíquotas de tarifas de importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins sobre diesel e gás de cozinha.
O Goldman Sachs espera que, diante do atual contexto inflacionário, o Banco Central eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião, a 13,75%, e não descarta extensão do ciclo de aperto monetário para além de agosto.
A inflação brasileira, assim como em outros países do mundo, tem sido impactada pela aceleração dos preços das principais commodities no mercado internacional, refletindo os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a produção e comercialização de petróleo, gás e cereais, além do persistente descasamento entre a oferta e a demanda mundial de insumos industriais.
Além disso, os danos em diversas lavouras temporárias pelos eventos climáticos, no início de 2022, e a retomada do setor de serviços, neste período pós-pandemia de Covid-19, completam este quadro de pressão inflacionária este ano. Desta forma, no acumulado do ano, até maio, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, já chega a 4,8%. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 11,7%.
(Com Reuters)