Gestão de patrimônio cresce 2,3% no 1º semestre, diz Anbima
O volume financeiro administrado pelas casas de gestão de patrimônio chegou a R$ 328,1 bilhões em junho de 2022. A quantia é 2,3% maior que a alcançada em dezembro do ano passado, quando estava em R$ 320,7 bilhões, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Os produtos híbridos foram os que mais ganharam espaço na carteira — passaram de 27,8% no final de 2021 para 29,3% em junho deste ano. O avanço foi puxado pelas cotas de fundos multimercados, que cresceram 7,6% no período, atingindo R$ 83,2 bilhões de patrimônio líquido. O produto responde por 25,4% do volume do segmento.
“Os fundos multimercados são instrumentos tradicionalmente utilizados em momentos de volatilidade pela abrangência e multiplicidade de estratégias que o gestor pode seguir”, analisa Fernando Vallada, diretor da Anbima.
Renda Fixa
A renda fixa também aumentou sua representatividade entre as aplicações, passando de 39,8% dos investimentos em dezembro para 41% em junho de 2022. “A renda fixa tem um direcionamento maior de recursos dado o aumento da Selic. Em momentos de volatilidade no Brasil, a corrida para a renda fixa é uma tradição”, comenta Vallada.
Nessa classe, o destaque ficou com as debêntures, que cresceram 45,4% e bateram R$ 18,7 bilhões no primeiro semestre do ano. Os números refletem os bons resultados da indústria, quando os títulos de dívida corporativa alcançaram recorde de emissões na primeira metade de 2022, com captação de R$ 133,8 bilhões.
As cotas de fundos de renda fixa são o terceiro papel com maior representatividade na carteira dos clientes. Elas cresceram 5,8% em junho perante dezembro, chegando a R$ 39,3 bilhões. Outros ativos da classe que tiveram variações positivas foram os CDBs/RDBs (Certificados e Recibos de Depósitos Bancários), com alta de 7,1%, e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), com avanço de 19,7%, na mesma base de comparação. Esses produtos somam R$ 7,2 bilhões e R$ 5,2 bilhões, respectivamente.
Renda variável
Já os ativos de renda variável perderam espaço entre as aplicações: responsáveis por 29,2% do volume financeiro em dezembro, eles agora respondem por 26,3% dos investimentos de gestão de patrimônio.
As ações tiveram a maior retração do período, com variação negativa de 24,1%, caindo de R$ 25,3 bilhões em 2021 para R$ 19,2 bilhões em junho de 2022. “Podemos inferir que o impacto nesses papéis é resultado da marcação a mercado e da desvalorização do Ibovespa”, conta Vallada.
As cotas de fundos de ações fecharam o semestre com R$ 44,6 bilhões, uma redução de 5,3% frente a dezembro, quando tinham R$ 47,1 bilhões.
Novos produtos
As estatísticas agora contam com novas informações. Foram adicionados dados de produtos como ETFs (Exchange Traded Funds) de renda variável (R$ 1,1 bilhão), saldo em conta corrente (R$ 766,7 milhões), fundos cambiais (R$ 275,3 milhões), CCBs (Cédula de Crédito Bancário, com R$ 214,6 milhões), letras de câmbio (R$ 159,2 milhões), ETFs de renda fixa (R$ 93,6 milhões), poupança (R$ 11,6 milhões) e LAM (Letra de Arrendamento Mercantil, com R$ 1,5 milhão).
Outros ativos passaram a ter maior detalhamento, como as cotas de fundos de renda fixa, que foram divididas em baixa duração e longa duração, com 38,3% e 61,7% do volume total de R$ 39,3 bilhões aplicado no produto em junho. As debêntures também foram detalhadas em tradicionais (72,9%) e incentivadas (27,1%).
As mudanças se devem a uma nova versão do Código de Administração de Recursos de Terceiros que entrou em vigor em junho deste ano, buscando aumentar a representatividade dos dados de gestão de patrimônio.
Quantidade e localização dos clientes
Em junho, o segmento chegou a 30,2 mil clientes e 26,4 mil grupos econômicos. A quantidade de clientes equivale a número de CPFs, mas pode haver dupla contagem, já que o mesmo investidor pode ter conta em mais de uma instituição.
A maior parte dos investidores está localizada na região Sudeste: 42,6% em São Paulo, 16% em Minas Gerais e Espírito Santo e 12,7% no Rio de Janeiro. O Sul é o segundo colocado, com 15,3%. Nordeste, Centro-Oeste e Norte aparecem na sequência, com 6,6%, 5,7% e 1,2%.
(com assessoria)