Fundo EB Capital segue passos da Oi e põe à venda sua infra de telecom

O Fundo EB Capital contratou a Lazard, a mesma empresa que conduziu a venda da infra da Oi para o BTG, para fechar a venda de 110 mil km de backbone e 6 milhões de homes passed.
A proposta inicial é criar a InfraCo e a ClienteCo. Crédito: Freepik

O Fundo EB Capital, de Pedro Parente, contratou a Lazard, empresa global especializada em fusão e aquisição, para vender a rede da Alloha, em uma modelagem igual a da Oi, ou seja, a venda da infraestrutura para a criação de uma rede neutra, e a manutenção dos serviços em outra empresa. A escolha da Lazard não é sem razão. Foi ela que fez a modelagem e vendeu a infra da Oi para o BTG (que hoje se chama V.tal) e também foi a Lazard que liderou a venda do Grupo Conexão para o fundo Grain.

A informação de que os ativos adquiridos pelo EB nos últimos quatro anos estariam à venda foi publicada inicialmente pelo Estadão na semana passada na agência Broadcast e hoje também noticiada pelo portal Convergência Digital. O fundo EB ou a Alloha, procurados pelo Tele.Síntese, não desmentem a informação, mas também não se manifestam formalmente.

Segundo o mercado, a informação da venda já é de conhecimento dos bancos há algum tempo, que inclusive receberam o material (em inglês) fornecido pela Lazard. Embora a modelagem inicial seja a de criação de uma rede neutra e a segregação das empresas, as negociações ainda estão no início e,  mesmo a venda total da Alloha não pode ser descartada.  Ainda não se sabe o desfecho, dizem algumas fontes.

ISPs

O EB movimentou bastante o mercado dos provedores de banda larga fixa nos últimos anos. Ingressou com vontade nesse segmento e comprou empresas de diferentes regiões do Brasil. Na semana passada, chegou a promover uma importante alteração em um dos maiores ISPs que havia adquirido – mudando as presidências e fundindo as operadoras Mob Telecom e Wirelink (as duas com sede em Fortaleza, mas com grande atuação em vários estados brasileiros).

A primeira operadora a ser comprada pelo grupo foi a Sumicity, do interior do Rio de Janeiro, em 2019. De lá para cá, o EB comprou a Click Telecom, a Niu Fibra, a Mob Telecom, a Vip Telecom, a Univoz e a Wirelink. Todas as suas empresas informam à Anatel o número de clientes que possuem no varejo. E a Alloha – holding que as controla – já teria rompido a barreira do milhão de clientes de banda larga fixa.

O que está à venda

Inicialmente, o grupo está vendendo toda a sua infra, para a construção de uma rede neutra. Seriam os 6 milhões de Homes Passed, existentes a partir do cabeamento feito pelos ISPs, e 110 mil quilômetros do backbone. Em entrevista ao Tele.Síntese, no ano passado, Felipe Matsunaga, um dos sócios do EB Capital, dizia que sempre procuravam comprar ISPs com rede de fibra chegando nas residências e também com um importante backbone construído.

A operação de venda vem no momento em que as três empresas de rede neutra do mercado estão se estruturando, ainda em territórios distintos, mas em pouco tempo poderão começar a competir nos mesmos territórios. A V.tal, que tem a Oi como sócia, é a que detém a maior extensão de rede; mas a Fibrasil (sociedade entre Vivo e fundo canadense CPQD) e a IHS (TIM e empresa de torres IHS) não estão paradas.

Potenciais candidatas a comprar essa infraestrutura, há porém a questão do preço. Comenta-se que o EB estaria pedindo muito por sua rede (até R$ 10 bi). Mas, nesse mercado, sempre os compradores reclamam do preço. As conversas estão fluindo com diferentes players. A conferir.

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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