Fornecedores temem efeito cascata com nova recuperação da Oi
A Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática (Abeprest), que reúne fornecedores de serviços operacionais a operadoras, divulgou manifesto nesta segunda-feira, 6, no qual aponta preocupações com a nova recuperação judicial da Oi.
A entidade alerta para efeitos negativos graves do processo aos trabalhadores terceirizados. “As prestadoras de serviços poderão enfrentar dificuldades para garantir pagamentos de salários para seus funcionários, o que pode levar a uma crise no setor de Telecomunicações”, afirma.
Acrescenta que haverá reflexo sobre a qualidade do serviço prestado, e diz que os técnicos podem, inclusive, suspender os trabalhos. “As empresas que prestam os serviços para a Oi, especialmente no Rio de Janeiro, podem ter que reduzir a qualidade ou mesmo suspender completamente seus serviços, o que tende a causar consequências negativas na qualidade de vida dos consumidores e na economia como um todo”, diz.
Avalia que os reflexos negativos da nova RJ da Oi devem se estender por data centers, call centers, sem falar em possível queda na qualidade dos serviços prestados pela tele. “A segunda Recuperação Judicial da Oi deve resultar em um impacto financeiro significativo nos valores retidos das empresas prestadoras de serviços, o que deve afetar o fluxo de caixa dessas empresas e, consequentemente, a prestação dos serviços”, observa a Abeprest.
Diante dessa preocupação, a entidade pede que a operadora mantenha em dia os pagamentos aos fornecedores. “É essencial que as empresas recebam o suporte necessário para garantir a continuidade de seus negócios e para preservar seus empregos”, pede.
A Oi solicitou nova recuperação judicial na semana passada, em 1º de março. O pedido ainda passa por análise do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A empresa reportou passivo de R$ 43,7 bilhões, e somente neste ano de 2023 tem cerca de R$ 11 bilhões em compromissos a honrar com fornecedores.
A operadora promete apresentar em no máximo 60 dias após a homologação da RJ pela Justiça um plano de recuperação, com redução da dívida a até um terço, dependendo do credor. Na última semana, a Oi obteve acordo com uma parte dos credores financeiros, que vão aportar até US$ 250 milhões na empresa para honrar compromissos urgentes.
Confira, abaixo, a íntegra do manifesto da Abeprest:
“Carta ao mercado e à sociedade brasileira
A ABEPREST – Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática – expressa sua preocupação em relação aos impactos negativos que a lamentável segunda Recuperação Judicial da Oi pode ter no mercado e na sociedade brasileira.
A Oi é uma das maiores empresas de telecomunicações do país e sua segunda Recuperação Judicial pode afetar significativamente as empresas prestadoras de serviços, impactando serviços essenciais em Data Centers, Call Centers, nas residências e empresas com serviços de internet, televisão e telefonia, acarretando com isso prejuízos no fornecimento de serviços de telecomunicações à sociedade em geral.
A segunda Recuperação Judicial da Oi deve resultar em um impacto financeiro significativo nos valores retidos das empresas prestadoras de serviços, o que deve afetar o fluxo de caixa dessas empresas e, consequentemente, a prestação dos serviços. As prestadoras de serviços poderão enfrentar dificuldades para garantir pagamentos de salários para seus funcionários, o que pode levar a uma crise no setor de Telecomunicações. Além disso, as empresas que prestam os serviços para a Oi, e afetadas nesta Recuperação Judicial, podem ter que reduzir a qualidade ou mesmo suspender completamente seus serviços, o que pode ter um impacto negativo na qualidade de vida dos consumidores e na economia como um todo.
É importante lembrar que essas empresas prestadoras de serviços desempenham um papel fundamental na economia brasileira, criando empregos e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país. É essencial que as empresas recebam o suporte necessário para garantir a continuidade de seus negócios e para preservar seus empregos.
Diante disto, a ABEPREST solicita à Oi que realize os pagamentos de forma contínua, conforme firmado nos contratos, dos valores informados no pedido da segunda Recuperação Judicial, evitando assim prejuízos aos seus fornecedores e possibilitando que estes mantenham os serviços essenciais que prestam à sociedade.”