Fazenda propõe fortalecer Cade para regular competição digital
A Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda (SRE/MF) divulgou nesta quinta-feira, 10, relatório que recomenda, entre outras coisas, fortalecer o Cade para assumir o papel de supervisor da competição entre plataformas digitais. O documento servirá de base a propostas do Executivo de regulação das big techs.
A SRE alerta que a dinâmica de poder econômico associada a grandes plataformas configura uma nova estrutura de poder de mercado, sobre a qual os tradicionais instrumentos de análise antitruste não são mais plenamente eficazes. Há uma lacuna para identificar problemas e corrigir distorções de forma adequada e em prazos curtos. Para superar esses desafios, o estudo recomenda duas frentes de aperfeiçoamento ao SBDC.
No primeiro grupo de recomendações, a SRE sugere reformas na Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529/2011), com a introdução de novos instrumentos pro-competitivos direcionados a “plataformas sistemicamente relevantes”. Também aponta a necessidade de aperfeiçoar o atual desenho institucional, etapa indispensável para assegurar a implementação dessas novas abordagens.
Segundo a secretaria do Ministério da Fazenda, caberá ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) designar plataformas digitais sistemicamente relevantes, por meio de procedimento específico e a partir de critérios qualitativos e quantitativos. Após a designação, o Cade poderá definir obrigações para o caso específico de cada plataforma designada. O novo procedimento será direcionado somente às grandes plataformas e conferirá ao Cade a flexibilidade para o desenho de medidas pro-competitivas em cada caso.
“A proposta busca promover a concorrência em ecossistemas de grandes plataformas digitais, assegurando ganhos de competitividade a empresas e empreendedores. Trata-se de conjunto de medidas que busca garantir a produtividade na economia brasileira e o crescimento do ambiente de inovação no país, ao mesmo tempo em que promove boas práticas regulatórias”, diz o material.
No segundo eixo, a SRE/MF propõe a atualização da aplicação da Lei nº 12.529/2011, adaptando os instrumentos e procedimentos de análise de condutas e atos de concentração para a realidade dos mercados digitais.
“Embora a lei de defesa da concorrência brasileira disponha de flexibilidade, as ferramentas de análise concebidas para mercados lineares, tradicionais, mostram-se inadequadas para lidar com a complexidade das plataformas digitais”, indica o relatório.
As recomendações da Fazenda incluem a atualização de diretrizes para a revisão de atos de concentração e controle de condutas associados a plataformas digitais realizados pelo Cade.
Síntese das medidas propostas |
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Grupo 1 Novo instrumento para a promoção da concorrência em casos de plataformas com relevância sistêmica para mercados digitais |
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Grupo 2 Ajustes na aplicação do ferramental antitruste a plataformas em geral |
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Elogio das big techs
O relatório da Fazenda foi elogiado pela CCIA, entidade sediada em Washington e que tem as big techs entre os associados e defende o Cade como órgão regulador das plataformas digitais. Fazem parte da associação Amazon, Apple, Cloudflare, Google, Intel, Meta, Uber, e X (antigo twitter).
Segundo o grupo, o Cade é o melhor órgão devido ao foco concorrencial. A entidade defende, ainda, que a eventual regulação das plataformas digitais seja baseada em princípios, modelo que diz ser mais razoável e proporcional.
“Será importante para o Brasil acertar e preservar a competitividade da economia”, diz Krisztian Katona, vice presidente de políticas regulatórias e de competição da CCIA, em nota.