Faixa de 6 GHz volta a ser cobiçada pela indústria de celular

A indústria de celular tenta reverter a decisão da Anatel, que destinou 1,2 GHz para o serviço não licenciado WiFi6E. Entre os argumentos, está a o volume de recursos que poderiam ser arrecadados com novo leilão.
A indústria de celular quer reabrir o debate sobre a faixa de 6 GHz
Para o segmento de telefonia móvel, é possível reabrir o debate sobre essa frequência. Crédito-divulgação Telesintese

A faixa de 6 GHz, que foi integralmente destinada pela Anatel para a tecnologia fixa sem-fio de banda larga  não licenciada, o WiFi6E ,   volta a ser cobiçada pela indústria de celular, que não desistiu de reivindicar um naco desse espectro à comitiva  brasileira que está presente no Mobile World Congress.   A necessidade de revisão da decisão foi um tema recorrente apresentado aos integrantes da delegação brasileira no MWC22, que é promovido pelo GSMA, fórum que reúne as  operadoras e indústria de  celular.

Embora a Anatel tenha decido destinar 1,2 GHz (que integra as frequências entre 5,925 GHz e 7,125 GHz) para o uso de tecnologias não licenciadas, os representantes da telefonia celular alegam que em pouco tempo haverá necessidade por mais espectro em médias posições e que o próprio sucesso do leilão do 5G recentemente concluído pela Anatel vem reforçar essa posição.” O governo arrecadou R$ 48 bilhões com o leilão do 5G e vendeu apenas 400 MHz de espectro médio. Imagina quanto poderia arrecadar com a venda da frequência de 6GHz? Indaga um fabricante de equipamentos para as redes celulares, assinalando que a decisão da Anatel não irá gerar qualquer arrecadação significativa de recursos.

Outro argumento que foi apresentado pelo setor refere-se à falta de equipamentos para tanta frequência. Até hoje, observa uma fonte, não foi certificado na Anatel qualquer produto que ofereça o WiFi 6E ocupando todo o espectro destinado. “Simplesmente, porque não existe no mercado”, diz a fonte.

Tiago Machado, vice-presidente de Negócios da Ericsson, assinala que estudos da empresa apontam para crescimento exponencial do consumo de dados e que deverá haver uma harmonização global desta frequência para o segmento de telefonia celular na próxima reunião de radiofrequência da União Internacional de Telecomunicações, UIT, que acontecerá no próximo ano. “Pode haver um uso equilibrado entre o espectro licenciado e não licenciado”, defende ele.

Para Machado, o fato de a Anatel já ter batido o martelo sobre a questão, liberando todo o espectro para o serviço não licenciado, não impede que essa decisão seja revisitada.” No leilão do 5G, por exemplo, a Anatel está limpando o espectro de 3,5 GHz para o celular, que era ocupado por outro serviço”, assinala, ponderando que o melhor é reordenar as faixas antes que a nova tecnologia seja implementada, para não dar mais trabalho depois.

Defesa

Mas a defesa pela manutenção desse espectro para o serviço não-licenciado continua forte. Conforme a Abrint – entidade que representa os ISPs – esse tecnologia recoloca as operadoras menores na disputa pelos assinantes, mesmo que não tenham o 5G.  E a Anatel está tão convicta do acerto de sua decisão que chegou a enciaminhar para a Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel) proposta para  harmonização dos requisitos de uso da frequência de 6 GHz (faixa de 5.925 MHz a 7.125 MHz) nas Américas.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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