Facebook cedeu dados pessoais a outras empresas digitais
O Facebook teria cedido acesso irrestrito a dados de seus usuários, sem consentimento, a outras empresas digitais, como Netflix e Spotify. E tal acesso podia ser feito sem contrapartidas de segurança, conforme o jornal norte-americano New York Times, que obteve acesso a documentos internos da rede social e relatos de executivos.
O periódico diz que a empresa de Mark Zuckerberg (foto) permitiu ao Bing, mecanismo de busca da Microsoft, ver os nomes de todos os amigos de cada usuário da rede social. Netflix e Spotify puderam acessar nada menos que as mensagens privadas trocadas pelos perfis em 2017, escrevê-las ou apagá-las. Ambas afirmam, porém, que não sabiam da amplitude da permissão de acesso que obtiveram.
Em nota ao Tele.Síntese, a Netflix afirma: “Ao longo dos anos, tentamos várias maneiras de tornar a Netflix mais social. Um exemplo disso foi o recurso que lançamos em 2014 que permitiu que os membros recomendassem programas de TV e filmes para seus amigos do Facebook via Messenger ou via Netflix. O recurso nunca foi muito popular, então o desligamos em 2015. Em nenhum momento acessamos as mensagens particulares das pessoas no Facebook ou pedimos para conseguir fazê-lo”.
A Apple pode ter acesso ao telefone e agenda dos usuários da rede, inclusive de quem escolheu não compartilhar as informações com o iPhone. A fabricante diz que não sabia da extensão do acesso que possuía aos dados do Facebook, e que as informações nunca saíram dos iPhones dos clientes.
A Amazon conseguiu acesso a nomes e contatos de usuários através dos vínculos de amizade na rede, e o Yahoo foi capaz de acompanhar cada stream de vídeo e posts de amigos dos usuários. Tudo isso aconteceu enquanto o Facebook negava vazamento de dados ou ceder informações pessoais a parceiros.
O jornal cita também denúncias de ex-funcionário, segundo os quais o Facebook deixou de obedecer condições de um acordo fechado com a Federal Trade Commission. Pelo acordo, firmado em 2011, a rede social se comprometia a jamais compartilhar dados de usuários sem que estes autorizassem previamente.
A rede social, no entanto, nega as acusações. Diz que todas as parcerias obedeceram o acordo firmado com a FTC e não violaram a privacidade de ninguém. Alega, ainda, que nenhum dos parceiros mencionados teriam feito mau uso do acesso irrestrito que tiveram.
Os documentos mostrariam, ainda, que o Facebook recebeu também dados em troca do acesso dado a parceiros. Obteve listas de contatos e amigos em outros serviços. Até mesmo a fabricante de dispositivos Huawei, vista como ameaça à segurança nacional do EUA, entregou e recebeu dados pessoais, supostamente sem consentimento dos donos, para e da rede social.
[Este texto foi atualizado em 20 de dezembro com o posicionamento completo do Netflix].