Fábio Faria deixa governo para assumir últimos dias de mandato parlamentar
Fábio Faria não comanda o Ministério das Comunicações a partir de hoje, 21 de dezembro. O seu braço direito e secretária-executiva, Estella Dantas, será a ministra interina até que o novo governo comece, em 1º de janeiro. Fábio Faria reassume o seu mandato de deputado pelo Rio Grande do Norte durante esses poucos dias, até que o Congresso Nacional retome as atividades e ele deixe a vida parlamentar, já que não se candidatou a novo cargo político. Como último ato de sua trajetória a frente da pasta, conseguiu que o presidente Bolsonaro renovasse a concessão de diversas emissoras de TV abertas, entre elas Globo, Record e Bandeirantes. Não entrou nesse lote as emissoras de seu sogro, Silvio Santos, que têm prazo de renovação diferenciado e já foram renovadas.
Assumiu o governo em junho de 2020, quando a pasta das Comunicações foi recriada, separando-se do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ao assumir, divulgou nota pública afirmando que ” a verdadeira democracia é conviver com as diferenças” ao justificar porque tinha votado anteriormente no PT, e porque aceitava participar do governo Bolsonaro.
Ao assumir a pasta, no entanto, o diálogo com a democracia foi se esvaindo. Trouxe para a sua administração a Secom – Secretaria de Comunicações do governo – toda a verba publicitária, e estratégia de veiculação bolsonarista. Durante a campanha eleitoral, ele, como ministro das Comunicações, teve acesso a informação de que emissoras de rádio, do Norte e Nordeste teriam deixado de veicular inserções da propaganda de Bolsonaro. Em mais uma tentativa de questionar o processo eleitoral brasileiro, convocou a imprensa para comunicar “fato grave”, tentando criar outro tumulto eleitoral. Alguns dias depois de ter convocado a imprensa para comunicar esse “fato grave” disse à Folha de S.Paulo que estava arrependido, tendo em vista que o problema era do partido, e não da Justiça (eleitoral), que queria desacreditar, assim como o seu chefe.
Telecomunicações
Para o setor de telecomunicações Fábio Faria pode carregar o tento de ter encabeçado e bancado o leilão do 5G sem que os recursos arrecadados se convertessem totalmente para os cofres do governo, ou seja, o leilão “não arrecadatório”. E também o fato de o leilão exigir o 5G puro, ou o 5G Stand Alone, e não a tecnologia de transição entre o 4G e o 5G, que foi inicialmente implementada na maioria dos países que já adotaram o novo padrão.
Ao mesmo tempo, tornou-se garoto propaganda da empresa de Elon Musk de satélites de órbita baixa, a Starlink, chegando mesmo a trazer o executivo ao Brasil para anunciar que iria conectar toda a Amazônia. Fato de difícil concretização até porque os satélites de Musk até agora não alcançam todo o território nacional, com a mancha concentrando-se nas regiões Sul e Sudeste.
Na semana passada, como noticiaram os jornais, Faria foi surpreendido, ao entrar em um restaurante de Brasília, com a música “Bella Ciao”, a mesma que a resistência italiana cantava contra o fascismo de Mussolini e as tropas Nazistas na segunda Guerra Mundial. Quando a democracia venceu, o Eixo virou um hino popular. Ela foi cantada no restaurante não só pela banda, mas também aplaudida pelos comensais que lá estavam.
Una mattina mi son’ svegliato
E ho trovato l’invasor
O partigiano, portami via
Ché mi sento di morir.
E se io muoio da partigiano
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao