Executiva do Citi defende regulação global da IA
De acordo com a head global de cross franchise transformation do Citi, Tiffany Bigio, o banco atua em 25 países, o que faz com que tenha que lidar com diferentes aspectos da regulação, onde já existe, da inteligência artificial (IA).
Como uma instituição financeira de alcance global, a executiva defende também uma regulação global da IA. “Quando temos regulações diferentes em cada país, isso só aumenta o custo e a complexidade para implementação da IA pelos bancos globais”.
Ela acredita que, ao ter que dedicar investimentos para se adequar a normas distintas de tantos países, os bancos não terão, por exemplo, como investir mais em inovações para os clientes, que serão impactados.
O Citi foi uma das primeiras instituições financeiras a redigir seus princípios sobre o uso da IA com o objetivo de garantir governança de dados, gestão de risco e inovação responsável, informa. Bigio diz que o banco tem orgulho desse pioneirismo, mas não acredita que a autorregulação seja a resposta para o uso da tecnologia.
“A autorregulação agrega valor, mas é preciso que todos estejam sob as mesmas regras”, afirmou durante sua participação no painel do Febraban Tech que discutiu os desafios da regulamentação da IA.
Assim como ela, Eduardo Sasaki, diretor de Data e Analytics do Santander Brasil, aponta para a necessidade da regulação do tema. Mas Sasaki vê com bons olhos o projeto de lei nº 2338/2023 que tramita sobre o assunto no Congresso.
Conceitos complementares
“No Santander, acreditamos que proteção e inovação são dois conceitos que não são antagônicos, mas complementares. O PL que está em discussão no Congresso converge para esse mesmo entendimento, pontuando direitos e deveres para quem desenvolve soluções com IA ou para quem as utiliza”, afirma.
O uso responsável da IA é uma das formas de desbloquear o potencial da tecnologia, acredita o executivo, que compara a regulação do tema com as discussões em torno da implantação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
“Muitas empresas achavam que a LGPD ia impedir negócios com o cliente. E foi o contrário, a legislação nos trouxe a segurança de fazer mais negócios e com mais segurança”, disse Sasaki.
Diana Troper, data protection officer (DPO) da Único, empresa de identidade digital, também defendeu a regulação como forma de trazer mais transparência e conhecimento para as pessoas sobre o uso da IA.
Por outro lado, ela sente falta de definições mais claras e abrangentes de pontos técnicos no PL, como o próprio conceito de IA, o que são algoritmos, assim como o que é considerado ético. “Quais os controles que todos nós devemos seguir para que sejam éticos no mesmo nível desejado?”, questiona.
A advogada e professora da Universidade de Brasília (UnB), integrante da comissão de juristas que ajudou a elaborar o PL original no Congresso, acredita que o PL, mesmo com as modificações sofridas ao longo da tramitação, ainda consegue dar uma resposta para a regulação da IA.
“O texto prevê gradações e classificações de riscos e atualizações constantes, além de diálogo permanente do regulador com a indústria, a sociedade civil a academia”, afirma. Mas, a advogada chama a atenção para a necessidade de uma autoridade regulatório da IA como forma de garantir que as regras sejam realmente implementadas.
A 34ª edição do Febraban Tech, evento de tecnologia e inovação organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), acontece até quinta-feira, 27, no Transamérica Expo Center, e tem a jornada responsável na nova economia de IA.