Excesso de cabos de telecom faz Reino Unido rever uso de postes

População em algumas partes do país tem reclamado da duplicação das redes aéreas de fibra; governo quer que provedores compartilhem as infraestruturas existentes
Com excesso de cabos, Reino Unido vai rever politica de compartilhamento de postes
Postes e cabos de telecom em excesso têm gerado reclamações no Reino Unido (crédito: Freepik)

Apesar de contar com infraestrutura subterrânea, o Reino Unido ainda convive com cabos de telecomunicações fixados em postes. E, à semelhança do Brasil, o excesso de redes aéreas de fibra não está agradando a todo mundo, o que fez o governo dar início a um processo de revisão do seu código de práticas sobre o uso dos ativos.

Em carta a operadoras e provedores de serviços de internet (ISPs), a ministra de Estado para Dados e Infraestrutura Digital, Julia Lopez, solicitou que o setor faça melhor uso dos acordos de compartilhamento de postes ao implantar redes de banda larga fixa.

Segundo ela, o excesso de cabos está “gerando preocupação pública em algumas partes do país”, sobretudo em regiões da Inglaterra. Além disso, indicou que as reclamações a respeito da instalação de postes e da duplicação das redes de fibra foram trazidas por vários membros do Parlamento, como parte do trabalho de representação das comunidades que os elegeram.

“Eles avisaram que seus eleitores se sentem como se não tivessem controle sobre como a infraestrutura é implantada na área local, e isso pode afetar negativamente a percepção geral sobre a implantação total da fibra”, escreveu, em carta divulgada no dia 14 de março.

No Reino Unido, a Ofcom, órgão responsável pelo setor de telecomunicações com atribuições semelhantes à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apontou a Openreach e a KCOM como empresas com poder de mercado significativo (PMS). Desse modo, o regulador adotou uma medida sobre acesso a dutos e postes por meio da qual as companhias devem compartilhar as infraestruturas com outros competidores. O compartilhamento fica sujeito a uma tarifa regulamentada.

Para o governo, a medida permitiu que o mercado de banda larga crescesse, inclusive em áreas rurais e remotas do território britânico. No entanto, nem todos os prestadores estão seguindo a política de compartilhamento, o que tem levado a um aumento de cabos nos postes.

Na carta, a ministra ainda destaca que a instalação de postes e de cabos aéreos não pode causar obstrução à mobilidade urbana e impactar indevidamente a estética visual do local. “À luz da crescente preocupação pública, é mais importante do que nunca que vocês [provedores de banda larga fixa] garantam que estão fazendo todo o possível para explorar a possibilidade de compartilhar as infraestruturas existentes”, ressaltou.

De acordo com a ministra, o Código de Práticas de Armários e Postes será revisado, no sentido de permitir que os cidadãos tenham mais participação nas implantações de banda larga, ao mesmo tempo que deve assegurar que operadoras sigam estendendo as redes de fibra óptica.

Postes no Brasil

No Brasil, o setor de telecomunicações aguarda a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a resolução conjunta de compartilhamento de postes. O texto, costurado ao lado da Anatel, prevê regras para fixação de cabos de fibra óptica nos postes, além de apontar uma organização responsável por gerir os ativos.

Paralelamente, associações como a InternetSul têm conclamado provedores e prefeituras a participarem da campanha Poste Limpo, cuja finalidade é remover fios sem utilidade do mobiliário urbano.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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