Estudo da agência reitera existência de backdoor em TV box pirata

Para o superintendente de Fiscalização da agência, esses equipamentos têm possibilidade de derrubar a rede de telecomunicações do país, se tornando uma questão de segurança nacional
Anatel confirma back doorr em TV box pirata. Crédito-Anatel
Estudo também constatou capacidade de grandes ataques DDoS. Crédito Anatel

A Anatel reiterou em mais um estudo a existência de backdoor em TV box pirata comercializada no Brasil, confirmando as denúncias da indústria e das associações de que esse equipamento pode roubar dados dos usuários. A Agência já havia identificado a existência de vírus maliciosos em uma das principais marcas desse produto em dezembro do ano passado.

O superintendente de Fiscalização da agência Hermano Tercius, que participou nesta segunda-feira, 18, de live promovida pelo Tele.Síntese, disse que um grupo de trabalho multidisciplinar testou os vários equipamentos em duas etapas, com o apoio das associações da TV paga, Ancine e Polícia Federal, e conseguiu identificar a existência de backdoors abertos, alguns aplicativos android, que permitem o acesso a todos os sinais ligados na rede, e dados pessoais que trafegam no roteador. “Foi o risco que conseguimos identificar, confirmando o que a indústria já falava há algum tempo”, disse.

Outra vulnerabilidade identificada pelo grupo de trabalho, como informou Tercius, é de que essas caixinhas têm capacidade de fazer ataques DDoS. “Por seu baixo custo, capacidade de processamento restrita, a caixinha consegue se juntar a milhares de outras em funcionamento no país para fazer um ataque de negação de serviço em conjunto”, disse.

Segundo o superintendente, quem compra uma caixa dessa pode estar colocando em sua casa um soldado cibernético, que pode ser usado coordenadamente e derrubar, por exemplo, a rede de telecomunicações do país. “Essa é uma questão de segurança nacional, inclusive”, disse.

Tercius afirmou que novos estudos estão sendo feitos este ano para testar outros modelos de caixa TV box, outras vulnerabilidades, que serão divulgados até o final do ano. “Isso mostra a importância da homologação dos equipamentos, combatendo o argumento de que se trata apenas de burocracia”, disse.

“Apesar de às vezes parecer que estamos enxugando gelo, o combate a pirataria vem se intensificando e a agência está aí para isso, trazer avanços no combate a produtos não homologados”, concluiu.

 

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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