Escolha da Softex para gerir espólio do Ceitec pega funcionários de surpresa
A escolha da Softex para gerir o espólio do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) pegou de surpresa os funcionários da fábrica. Isto porque a liquidação da empresa está suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) até que o governo apresenta as informações necessárias à apreciação do teor do processo, o que ainda não ocorreu.
“Vamos verificar junto ao TCU se o edital lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações fere a suspensão do processo de liquidação”, afirmou Silvio Luís Jr, presidente da Associação de Colaboradores da Ceitec (Acceitec). Para ele, a indicação da Softex põe em risco todo o trabalho feito pela empresa.
A Softex foi a única a apresentar proposta ao chamamento público para celebrar Contrato de Gestão cujo objeto seja a pesquisa, o desenvolvimento, a extensão tecnológica, a formação de recursos humanos e a geração e promoção de empreendimentos de base tecnológica em semicondutores, microeletrônica, nanoeletrônica e áreas correlatas. A organização social já tem ampla parceria com o MCTI.
Segundo Silvio Luís, a empresa escolhida somente conseguirá administrar os ativos e os recursos provenientes da liquidação, em torno de R$ 23 milhões. “Dar continuidade aos programas de política pública sem seus idealizadores, como a plataforma de detecção de doenças e da Covid-19, fica quase impossível”, disse.
O presidente da Acceitec afirma que os produtos resultantes das patentes e dos projetos industriais precisam estar em constante inovação, e os cérebros do Ceitec já se recolocaram nas duas outras empresas de semicondutores com atuação no Brasil, além de fábrica em outros países. “Não basta ter a receita do bolo, precisa de um cozinheiro para assar”, comparou.
O MCTI publicou o resultado do chamamento público na quarta-feira, 23. A Softex não vai se manifestar sobre sua atuação no Ceitec antes da assinatura do contrato, que ainda não tem data para acontecer.