Ericsson tem prejuízo devido a sanção de US$ 1,2 bi do governo dos EUA

Companhia registra aumento nas vendas, diz que demanda por 5G está aquecida, e amplia metas para 2020

A Ericsson registrou prejuízo de US$ 711,16 milhões nos resultados do terceiro trimestre, como antecipado no final de setembro. A companhia fechou acordo com o Departamento de Justiça para o pagamento de sanções no montante de US$ 1,2 bilhão, em função de problemas de governança registrados no passado, que a empresa diz ter resolvido.

A companhia também teve de realizar pagamentos de seguridade social que não estavam previstos. Um ano antes, havia lucrado US$ 278 milhões no mesmo período. As receitas da fabricante de equipamentos para redes cresceu 6% na comparação ano a ano, e somaram US$ 5,88 bilhões.

O CEO da empresa sueca, Borje Ekholm, diz que o resultado, apesar dos efeitos não recorrentes, mostram aquecimento do mercado em função da demanda por produtos 5G. Ele diz que os pedidos de equipamentos e sistemas para redes móveis de quinta geração vieram mais numerosos do que se esperava.

Os mercados que mais compraram tal tecnologia foram América do Norte e Nordeste da Ásia. Nestas áreas estão Estados Unidos e Coreia do Sul, ambos os países já com redes 5G comercialmente lançadas desde o final de 2018.

Ekholm afirmou também que os resultados são fruto da estratégia de turnaround estabelecida em 2017, quando a Ericsson registrava fortes perdas. Desde então, o foco do plano foi se livrar de contratos que não fossem rentáveis nem estratégicos, cortar custos e fazer desinvestimentos em negócios não prioritários. O resultado se viu não apenas na retomada do lucro, como também no aumento das margens brutas, que apenas no último ano aumentaram de 36,9% para 37,8%.

China e IoT

O executivo diz, em carta aos acionistas, que o maior e mais promissor mercado do mundo para a 5G será a China. Mas reconhece que ganhar participação ali é um desafio, diante da existência de grande players locais. “Investimos ali para ganharmos market share, mas ainda é muito cedo para avaliar volumes e preços que serão alcançados”, destacou.

Para ele, o investimento ali é estratégico, e a expectativa é de que as margens locais sejam baixas no primeiro momento, mas crescem ao longo da duração dos contratos fechados.

O segmento de internet das coisas também é desafiador. A empresa diz que este mercado cresce entre 20% e 25% ao ano, e no momento tem 4,5 mil empresas utilizando sua plataforma IoT. Mas a receita ainda não é suficiente para o setor fechar no azul. A expectativa é de que o breakeven em vendas de IoT não seja alcançado nem em 2020. Na verdade, projeta-se perda de até US$ 206 milhões com essa linha e negócio.

Outros números

A Ericsson registrou crescimento de 9% da divisão de redes, cujas vendas são concentradas para operadoras de telecomunicações. O segmento teve margem operacional de 18,4%. O negócio de redes é responsável por quase 70% do faturamento da Ericsson.

Já a unidade de serviços digitais cresceu 10%, mas segue deficitárias, com margem de 5,4%. Ainda assim, o resultado é bem melhor que a margem negativa de 16% de um ano antes. Quanto aos serviços gerenciados, houve queda de 2% nas vendas, embora a margem tenha melhorado para 8,9%. A rubrica de negócios emergentes (que inclui IoT e empresas em que a Ericsson tem participação ou controle) teve queda de 33% em receitas e aumento da margem operacional negativa, que ficou em 46,6%.

Metas 2020

A Ericsson também divulgou hoje revisão de suas projeções e metas de crescimento em 2020. A companhia ampliou os números diante de expectativa de melhora de desempenho em diversas frentes. A área de redes deverá faturar 13% mais do que as metas que foram divulgadas no começo deste ano. A área de negócios emergentes também deverá ter desempenho 20% superior que o previsto antes. As demais BU tiveram as metas inalteradas.

Ao todo, o faturamento da Ericsson esperado para 2020 será 9% melhor do que o previsto até hoje, e somará entre US$ 23,7 bilhões e US$ 24,7 bilhões.

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Rafael Bucco

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