Ericsson pede frequência do satélite para a 5G

Fabricante sugere que parte do espectro hoje usado pelas empresas de satélite seja destinado às operadoras móveis, inclusive em banda Ka.

A Ericsson foi a fabricante que mais detalhou seus anseios para a política nacional de redes 5G, que está em elaboração pelo MCTIC. NA consulta pública realizada pelo ministério, empresa sueca deixou claro que quanto mais espectro, melhor. A companhia traçou um roadmap que considera ideal para ser trabalhado pelo país, que inclui a venda de frequências que hoje não são dedicadas à telefonia móvel.

A começar por 2020, a Ericsson defende venda das faixas de 3,5 GHz (3,3-3,6 GHz), 26 GHz. Mas cobra também o compartilhamento da faixa de 28 GHz (hoje usadas por serviços de banda larga satelitais) com aplicações FSS “sobretudo em ambientes indoor, redes para Indústria 4.0, minas, escolas, hospitais e outros ambientes fechados”.

Até 2022, sugere a venda ou liberação de uso das bandas de 600 MHz, 1,5 GHz, de 3,6-3,8 GHz, 28 GHz (27,5-29,5 GHz, a banda Ka) e de 37GHz a 43,5 GHz.

Depois, até 2024, sugere que a Anatel leiloe as faixas de 470-698 MHz, 3,8-4,2GHz (Banda C), de 4.4-5 GHz, 5,9-7.1GHz, 15GHz, 45-52GHz e 66-71GHz.

“Naturalmente, este plano deverá ser atualizado periodicamente, acompanhado a evolução tecnologia, harmonização global, estudos de convivência e uso eficiente do espectro”, escreve a companhia.

O pedido se choca com proposta da Cisco, que em sua contribuição pediu que os 6 GHz sejam destinados ao uso não licenciado, para o WiFi 6. E também com demandas do setor satelital e de radiodifusores, que usam banda Ka (28 GHz) e banda C (3,8 a 4,2 GHz), respectivamente.

Para a empresa, satélite não é 5G

A Ericsson afirma que satélite não faz parte do ecossistema 5G. “Serviços satelitais não fazem parte do ecossistema 5G: são soluções pontuais para uma parcela muito pequena dos sites em zonas periféricas das redes atuais. Por isso, não devem ser parte do plano para redes 5G no Brasil, sem prejuízo de que seja objeto de outras políticas públicas. As redes 5G dependem de cada vez mais capacidade e baixa latência que não podem ser obtidas em conexões satelitais”, defende. Algo com que operadoras de satélites e radiodifusores não concordam.

Fabricante de equipamentos de rádio microondas, usados em redes de transporte onde a fibra óptica não é viável, a Ericsson defende a destinação de espectro para o aumento de capacidade desses aparelhos. Dependendo da quantidade de frequência disponível, eles chegam a transmitir 100 Gbps.

Isenção de Fust

A fabricante afirma também que a 5G vai demandar a instalação de “10x mais antenas” que as tecnologias móveis em uso atualmente. E diz ainda que o fundo atual seja destinado “à ampliação do acesso, cobertura e atendimento com serviços de alta qualidade de banda larga, redes móveis, 4G, 5G, IoT”.

Propõe a criação de programa de parceria entre esferas federal, estadual e municipal que permitam oferecer créditos fiscais relativos ao ICMS que incide sobre equipamentos de telecomunicações destinados às instalação de novos sites, cobertura com novas tecnologias e melhora na qualidade do serviço.

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Rafael Bucco

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