Ensino médio deve preparar estudantes para o futuro do trabalho
A ressignificação do ensino médio, especialmente na área de tecnologia, no novo currículo básico em debate no Ministério da Educação, é uma das contribuições da Fundação Telefônica Vivo para preparar o aluno do ensino médio a entrar no mundo do trabalho. Segundo a diretora presidente da instituição, Lia Glaz, pesquisa realizada mostra o desinteresse dos jovens nesse tipo de qualificação, quando apenas 11% procuram o curso profissionalizante após o final do ensino médio, enquanto 20% busca o ensino superior.
Lia, uma das palestrantes do evento do Tele.Síntese “Edtechs e as Escolas Públicas” afirma que existe uma enorme oportunidade de se olhar para o que se faz com esse jovem pós escola. “Não estou aqui nem entrando no mérito de dizer o que fazer para corrigir as desigualdades na aprendizagem básica, mas só para pensar nesse contingente potencial, que poderia ser melhor preparado para atuar nessas novas economias que já estão aí”, disse.
Para Lia, o ensino técnico foi criado no Brasil como uma barreira, como se fosse voltado para alunos que não tinham acesso ao ensino superior. “Esse é o ensino técnico do passado, que já poderia ser atualizado com as competências que permitiriam que o jovem pudesse ingressar no mercado do trabalho e depois pudesse seguir para o ensino superior ou para outras formas de aprendizagens”, destaca.
O momento atual, no entendimento de Lia, é propício para se rever o lugar do ensino técnico, no debate sobre o novo currículo que está em consulta publica, que é cursar o ensino profissionalizante dentro do ensino médio. “Na nossa opinião essa é uma grande oportunidade para que o aluno, que tenha essa vocação possam se preparar para entrar no mercado de trabalho”, disse.
“Nós aqui da fundação consideramos muito positivo se puder ‘linkar’ essa formação técnica com as demandas reais do mercado de trabalho, que acho que é um outro desafio. Não dá para ser uma formação técnica para um mercado que não existe ou emprega pouco”, observa. Para isso, ensina, precisa ter a superação de um divórcio que existe hoje entre a escola e o mercado.
Governança
“É preciso ser capaz de criar uma governança mesmo à altura dos desafios que a gente tem. E para isso, precisamos da indústria, das empresas de serviços muito mais altivas para um diálogo com governo e sociedade civil”, afirma Lia, citando um relatório que a Fundação apresentou ao Ministério da Educação.
A boa notícia, afirmou, é que a maioria dos alunos quer isso. Uma pesquisa feita pela Datafolha, a pedido do movimento Todos pela Educação, mostra que mais de 90% dos jovens das escolas públicas consideram que uma escola relevante é que prepara para o mercado de trabalho.
Uma segunda dimensão é o preparo da escola para receber cursos de tecnologia é a formação de professores e o engajamento dos diretores. “A fundação tem se debruçado sobre isso, de como pode ser introduzida a tecnologia no dia a dia”, ressalta. A cidadania digital também é fundamental para discernimento de fake News, por exemplo. “E tudo é para hoje, não para a escola do futuro”, disse Lia Glaz.
Edtechs e as Escolas Públicas continua nesta quarta-feira, 31.