Empregados dos Correios rejeitam reajuste salarial de 0,8% e podem fazer greve
O Comando Nacional de Mobilização e Negociação dos empregados dos Correios divulgou hoje, 31, que foi rejeitada a proposta de aumento salarial de 0,8% apresentada pela direção da estatal. Também foi recomendada a manutenção de indicativo de greve, que deveria começar hoje, mas foi suspensa por conta de negociação realizada em Brasília no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para discutir redução de perdas de direitos, como a exclusão dos pais dos empregados no plano de saúde.
Assembleias dos empregados dos Correios estão programadas em todo o país a partir da noite de hoje até 7 de agosto para deliberar sobre o indicativo de greve da categoria. A categoria acusa a empresa de tentar revogar termos do acordo coletivo feito com os trabalhadores no ano passado, excluindo vale cultura, reduzindo o adicional de férias de 70% para 33%, elevando a mensalidade do Postal Saúde e a co-participação nos procedimentos médicos, entre outras medidas.
O vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Renato de Lacerda Paiva, apresentou proposta de acordo para representantes da empresa e das federações representantes de seus empregados em audiência transmitida ao vivo pelo canal do TST no YouTube. As sugestões ficaram de ser analisadas pelos empregados em Brasília, em manifestação realizada em frente à sede dos Correios, e nos estados.
Pela proposta do vice-presidente da Corte, ficam prorrogados até 31 de agosto os termos do atual acordo coletivo de trabalho da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) cuja vigência expira hoje. Para que as negociações prossigam, visando à superação de pontos de impasse, o ministro propôs também a suspensão da greve anunciada pela categoria. A proposta contempla ainda a manutenção, pelo mesmo prazo, do plano de saúde para os pais dos empregados que se encontram em tratamento e os atendimentos de urgência e de emergência até 31/8.
Resistência à privatização
A estatal já foi apontada pelo presidente Jair Bolsonaro como uma das prioridades de privatização de seu governo, o que deve ser impulsionado neste semestre, após a votação da reforma da Previdência, conforme promessa do próprio chefe do Executivo. A desestatização precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.
Segundo a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a companhia é “inchada e ineficiente”, com brechas demais para desvios e um histórico de corrupção. Campanha lançada por entidades dos servidores contesta as acusações e anuncia resistência à privatização, inclusive com ações junto aos vereadores e prefeitos de centenas de municípios onde a empresas é único órgão federal instalado nesses locais.
Os Correios passaram por quatro anos seguidos de prejuízo de 2013 a 2016. As perdas acumuladas que ainda não foram pagas chegam a R$ 2,5 bilhões. Nos últimos dois anos, a empresa voltou ao azul, mas com margem de lucro apertada e grande necessidade de investimento. As entidades dos empregados argumentam que a empresa é autossustentável e não depende de um centavo dos cofres públicos.