Embaixada da China reage a acusações sem provas feitas por filho de Bolsonaro
Afirmações feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro no Twitter levaram a embaixada da China a emitir uma forte carta de repúdio. Na noite de segunda-feira, o filho do presidente Jair Bolsonaro publicou comentário afirmando que o Brasil apoia o programa Rede Limpa, dos Estados Unidos, que prevê redes “sem espionagem da China”. O comentário foi apagado hoje de manhã, mas o mal-estar estava gerado.
O embaixador da China, Yang Wanming, publicou hoje, 24, na internet uma carta na qual diz que o filho do presidente propaga desinformação. No documento, diz que tais comentários procuram criar animosidade entre os países. E diz que as figuras públicas brasileiras que insistirem nesse discurso “vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.
O emissário chinês diz ainda que as pessoas que as personalidades acusam, sem provas, a China de praticar espionagem precisam “deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral”.
O documento ressalta que a China é um grande parceiro comercial, tendo comprado US$ 58 bilhões de produtos do Brasil de janeiro a outubro, o que representa um terço de todas as exportações nacionais.
“Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas. Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”, traz o texto.
Vale lembrar que o comentário de Eduardo Bolsonaro carece de comprovação. Segundo ele, o Brasil manifestou apoio à política de Rede Limpa dos EUA. Mas a manifestação partiu apenas do Itamaraty, sem consulta prévia a outras pastas, como o Ministério das Comunicações. Hoje, em evento em Brasília, o ministro das comunicações, Fábio Faria disse que irá no começo de 2021 à Ásia a fim de conhecer mais sobre a 5G.