Em defesa dos 6 GHz, ISPs querem inundar mercado com novo WiFi

Abrint vem negociando com fabricantes de fora e nacionais a redução de preços, a fim de acelerar o uso da tecnologia

Crédito: Divulgação

Os provedores de internet (ISPs) estão trabalhando para atrair fabricantes de dispositivos ao WiFi 6E e WiFi 7. O objetivo é ocupar a faixa de 6 GHz o mais rápido possível e, dessa forma, evitar que a Anatel reveja a destinação do espectro. Quem afirma é Basílio Perez, conselheiro da Abrint, a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações.

Ao participar de evento em São Paulo, Perez foi categórico: “Queremos inundar o mercado com WiFi em 6 GHz para criar o ‘problema’ de depois tirar este espectro da tecnologia. E queremos também o uso outdoor, que é possível utilizar para IoT, localidades onde não se chega com fibra, fazendo complemento com rádio”, afirmou durante o Fórum de Operadoras Inovadoras, organizado pelos sites Mobiletime e Teletime.

6 GHz

A fala de Perez tem um contexto. A regulação brasileira para uso de 1.200 MHz na faixa de 6 GHz dispõe a frequência para uso não licenciado, cuja principal tecnologia é o WiFi. No entanto, há muita pressão das operadoras móveis para que 700 MHz dessa faixa sejam redirecionados para uso celular. Na última Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC-23), ocorrida em Dubai, o Brasil adotou postura neutra, abrindo a possibilidade de revisão da regra vigente.

Segundo Perez, não significa que a luta dos ISPs por espectro para o WiFi esteja perdida. “O que aconteceu em Dubai de colocar a nota de rodapé… isso é um ‘pode’ ainda. Não está valendo. Hoje, pela regras, todo o espectro é WiFi”, observou.

MWC-24

Ele narrou os esforços que a Abrint vem empreendendo a fim de ocupar a faixa de 6 GHz com WiFi e evitar uma revisão da Anatel por desocupação. Segundo ele, há dois anos, praticamente não havia roteadores compatíveis com os 6 GHz no mercado. Os que haviam, custavam mais de R$ 6 mil reais.

“Este ano, fomos com uma delegação para a MWC, em Barcelona. Fomos para conversar com fabricantes. No primeiro dia, quando chegamos, já tinha roteador bem mais barato, de R$ 1,2 mil reais. E quando saímos, após as reuniões, tínhamos propostas de equipamentos de R$ 800 reais”, disse.

Segundo ele, estes produtos estarão em breve no mercado para os ISPs. As negociações, contou, se dão aqui também, junto a fabricantes nacionais. “A Abrint se empenhou em conversas com fabricantes de roteadores, pois este foi o argumento principal que usaram para tentar deixar este espectro para o IMT [serviço móvel]. Então estamos empenhados em ter equipamentos baratos”, observou.

Ressaltou, ainda, que o WiFi 7 é benéfico não apenas para ampliar a velocidade das redes domésticas, como também abre a competição em redes para automação industrial. “O WiFi 7 tem as mesmas capacidades do 5G, os provedores poderiam fazer e já estão acostumados a fazer”, concluiu no painel do qual participou.

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Rafael Bucco

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