Os planos da Desktop para a consolidação de ISPs
Após indicar ao mercado que avalia segregar a rede de fibra óptica da carteira de clientes, com a possibilidade de vender o ativo de infraestrutura, a Desktop sinalizou que estuda realizar uma fusão com outro grande provedor de serviços de internet (ISP). A informação foi divulgada em relatório de analistas do banco BTG Pactual, depois de uma reunião com executivos da empresa.
De acordo com o documento compartilhado pela instituição financeira nesta quinta-feira, 31, o CEO da Desktop, Denio Lindo, e o CFO, Bruno Leão, concordam que uma eventual fusão com outro grande ISP “é o caminho natural do mercado”.
Apesar de os diretores não terem apontado potenciais candidatos, os analistas estimam que a empresa esteja mirando unir forças com Algar Telecom (798,5 mil clientes), Unifique (690 mil) ou Ligga (361,8 mil).
“Também acreditamos que faria sentido para a Desktop consolidar outros provedores regionais nas redondezas”, avaliam os analistas. “Realizar uma fusão envolvendo outros grandes ISPs, além de comprar provedores menores, poderia levá-la a um nível totalmente diferente, atingindo mais de 2 milhões de assinantes”, acrescentam.
Vale lembrar que o provedor paulista tem mais de 976 mil acessos.
Venda da rede de fibra
Na semana passada, a Desktop admitiu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que avalia vender a rede de fibra óptica. O BTG estima que o ativo possa valer cerca de R$ 2,6 bilhões.
No caso, o provedor perderia o controle sobre a infraestrutura, que passaria a pertencer a outra empresa, mas alugaria a rede para continuar ofertando o serviço de banda larga, de modo semelhante ao que a Oi fez ao reduzir a sua participação na V.tal.
Segundo o BTG, os executivos da Desktop indicaram que, caso uma eventual negociação pela unidade de rede fixa seja concluída, os recursos poderiam ser direcionados a processos de consolidação do mercado.
“Se tal transação acontecer, a Desktop restante se tornará uma ClientCo, semelhante ao que a Oi é hoje. Possíveis aquisições depois disso poderiam ter diferentes modelos, com a empresa adquirindo outros clientes ISPs ao longo da rede (essencialmente retendo apenas os clientes enquanto a rede neutra manteria a infraestrutura) ou adquirir operações em sua totalidade e operar uma ClientCo ao lado de uma rede com os clientes adquiridos”, sugerem os analistas da instituição financeira.
Braço corporativo
No encontro para discutir negócios, a diretoria da Desktop revelou que está estruturando uma divisão B2B. A intenção é conquistar uma parcela do setor corporativo na região em que o provedor atua, uma vez que, atualmente, a receita adquirida desse segmento pouco contribui para os resultados da companhia.
“Acreditamos que a empresa pode almejar alcançar até 10% de sua receita com esta nova vertical nos próximos dois anos, com margens no segmento potencialmente ultrapassando os níveis atuais da Desktop, uma vez que os custos de infraestrutura de rede já foram pagos”, projeta a análise do BTG.