Desenvolvedores de IA terão de abrir dados para o governo dos EUA
As empresas que desenvolvem grandes sistemas de Inteligência Artificial (IA) terão de compartilhar os resultados de seus testes com o governo dos Estados Unidos, conforme ordem executiva editada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, nesta segunda-feira, 30.
Em linhas gerais, a ordem executiva visa a estabelecer parâmetros para mitigar os riscos decorrentes da IA, além de deixar o governo dos Estados Unidos a par das novas tecnologias.
Segundo o decreto, “os desenvolvedores dos sistemas de IA mais poderosos” terão de compartilhar “os resultados dos testes de segurança e outras informações críticas” com a administração federal.
“A Ordem exigirá que as empresas que desenvolvam qualquer modelo básico que represente um sério risco à segurança nacional, segurança econômica nacional ou saúde e segurança públicas nacionais notifiquem o governo federal ao treinar o modelo e compartilhem os resultados de todos os testes de segurança da equipe vermelha”, diz trecho do documento – no mundo da TI, equipe vermelha é o time que tenta simular uma invasão contra o sistema de uma organização.
O texto também prevê medidas relacionadas à privacidade dos cidadãos, à proteção dos direitos civis, à defesa dos consumidores e trabalhadores e ao avanço da liderança norte-americana no que diz respeito à IA comparada ao demais países. O documento ainda estabelece diretrizes para o uso da tecnologia dentro do governo dos Estados Unidos.
A ordem executiva emitida por Biden tenta preencher um vácuo regulatório sobre Inteligência Artificial que ainda persiste nos Estados Unidos.
No mês passado, alguns dos principais executivos do setor de tecnologia – entre eles Elon Musk (SpaceX, Tesla e X, o antigo Twitter), Mark Zuckerberg (Meta), Sundar Pichai (Google) e Sam Altman (OpenAI) – estiveram no Congresso norte-americano para uma reunião a portas fechadas com senadores a respeito dos rumos e de uma eventual regulamentação da tecnologia.
Anteriormente, em julho, o próprio Joe Biden tinha recebido líderes dessas e de outras empresas para discutir IA, iniciando um processo de regulamentação.
Ação internacional
Em comunicado, o governo norte-americano destacou que a ordem executiva complementa o código de conduta sobre IA aprovado pelo G7, grupo formado por Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Japão – o documento também teve participação da União Europeia (UE). A resolução conjunta visa a padronizar diretrizes para as empresas que desenvolvem sistemas avançados de IA, incluindo modelos generativos, nesses países.
Além disso, no mesmo comunicado, os Estados Unidos informaram que vão trabalhar com aliados e parceiros internacionais para implementar um quadro de regras para guiar o desenvolvimento e o uso da IA. O Brasil aparece entre as nações citadas.