CVM de olho nos “influencers” do mercado financeiro

Conforme levantamento do xerife do mercado de capitais, 75% dos investidores brasileiros se informam por meio desses profissionais, que devem ter postura mais transparente.
CVM de olho nos influencers. Crédito-Freepik
A autarquia fará audiência pública sobre o tema. Crédito-Freepik

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda regulamentar a conduta dos “influencers” do mercado financeiro. Segundo levantamento da área técnica da autarquia divulgado nesta quarta-feira (19), a maior parte (75%) dos investidores brasileiros se informa por meio desses profissionais e, por esse motivo, o regulador acredita que essas personalidades da internet precisam ser mais transparentes quando tratam de temas vinculados aos investimentos no mercado financeiro.

A proposta de regulação passará ainda por  por audiência pública antes de entrar em vigor. Bruno Luna, chefe da assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos da CVM, diz que a proposta responde ao avanço do número de influenciadores no mercado. “Parte importante desse grupo tem relação contratual com participantes regulados pela CVM e o investidor muitas vezes não sabe.”

Conforme o levantamento da autarquia,  os influenciadores opinam sobre papeis, operações, intermediários e emissores, sem deixar claro se estão sendo remunerados por isso — situação que, nas redes sociais, é conhecida como “ação patrocinada”, ou “impulsionada.

Os técnicos da CVM defendem que a recomendação de exigir transparência no vínculo de influenciadores com empresas do mercado de capitais está em linha com o que já é feito no resto do mundo, como nos Estados Unidos. O estudo também levou em conta iniciativas de reguladores no Reino Unido, Austrália, Holanda, entre outros países, além das recomendações da Organização Internacional de Valores Mobiliários. Nessas jurisdições, o influenciador não passa a ser regulado diretamente, mas deve obedecer a regras impostas aos participantes do mercado.

Plano Bienal

Em dezembro/22,  em seu Plano Bienal de Supervisão Baseada em Risco 2023-2024 a CVM incluiu uma supervisão temática de influencers digitais. O objetivo é possibilitar análise multifacetada e abrangente de riscos mapeados, que, nesse caso, é decorrente do crescente uso das redes sociais por investidores e do impacto em tomadas de decisão de investimentos. 

Vera Lúcia Simões é Superintendente de Supervisão de Riscos Estratégicos (SSR) da CVM, área técnica que está à frente da Supervisão Temática de influenciadores digitais. Segundo ela, a SSR tem se aprofundado no assunto e dialogado, de maneira transversal, com as demais áreas da CVM envolvidas com o tema. “É um trabalho de médio e longo prazo. Estamos com a oportunidade de avaliar a melhor forma de supervisionar esses mercados e nossa expectativa é entregar ao final do biênio relatório sobre essa esfera”, ressalta Vera.  

Para acompanhar o avanço no número de influenciadores digitais no âmbito do mercado de capitais, as áreas técnicas da CVM têm trabalhado no mapeamento desses influenciadores, bem como nas variações atípicas em negociações feitas no mercado por algum desses perfis.

(com assessoria de imprensa). 

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Redação DMI

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