Crédito não vai ser gargalo para retomada do setor, diz TelComp
Embora não tenham surgido novas linhas específicas do BNDES e bancos públicos para o setor, crédito não será gargalo para a retomada de investimentos nas telecomunicações por empresas de médio e grande porte, afirmou o presidente executivo da TelComp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas), João Moura.
Segundo ele, a pandemia do novo coronavírus elevou o patamar do setor, que manteve as redes funcionando mesmo com a alta do tráfego e perigo de inadimplência generalizada, mas mostrou que ainda há muito trabalho a ser feito.
Moura, que participou da live promovida pelo Tele.Síntese nesta segunda-feira, 29, disse que os bancos voltaram a ofertar crédito comercial normal, ainda que em outras bases, com menores prazos e garantias maiores, como uso de debêntures conversíveis.
“Além disso, fundos de investimentos estão com apetite redobrado para investir em telecomunicações, uma vez que já está provada a manutenção e até o crescimento da demanda do setor, um dos poucos que apresenta resultados positivos nessa época de isolamento social”, ressaltou.
Segundo ele, os fundos estão interessados não só em aquisições, mas também em financiar o setor. “Temos tido contatos interessados em indicações de empresas que podem ser financiadas, uma vez que em tempos de juros perto de zero, essa passa a ser uma opção de investimento”, disse.
Dólar e regulação
Porém, o executivo vê na instabilidade do dólar uma complicação para os investimentos. Por isso, lembrou que precisam ser feitos de forma intensa, mas planejada, para evitar erros como a redundância de infraestruturas. Daqui pra frente, avaliou, a produtividade dos recursos aplicados é fundamental.
Outra frente que tem sido atacada pela entidade é o de regulação. “Estamos trabalhando junto com a Anatel, para construção de regulamentos que tenham impacto direto nos investimentos, temos que cuidar disso agora”, afirmou Moura.
O edital do leilão do 5G, a migração das concessões, regulação do mercado secundário de espectro e a evolução do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (Pert) são alguns dos pontos que estão no radar da entidade. A obrigação de compartilhamento das redes de transporte construídas com recursos públicos, como dos bens reversíveis, é uma das principais reivindicações das empresas competitivas.
Moura ressaltou que a transformação digital antecipada em vários setores que resistiam a isso, como o de varejo, indica que a demanda de conectividade não vai diminuir. Mas observa que em muitas regiões ainda há carência de oferta de conectividade, por isso é necessário investimentos programados. “As escolas públicas, por exemplo, ficaram sem conectividade e seus alunos sem aulas virtuais, isso é muito sério”, disse.