CPI das Bets: Relatora acata proposta da Anatel para alterar Marco Civil da Internet

Proposição apresentada pela agência sugere alterar artigo sobre responsabilidade de plataformas para prever sanção administrativa de empresas responsáveis por serviços habilitadores de conectividade.
CPI das Bets ouve superintendente de fiscalização da Anatel | Foto: Tele.Síntese

A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal sobre os jogos virtuais de apostas online, Soraya Thronicke (Podemos-MS), afirmou nesta terça-feira, 17, que prepara o encaminhamento de projeto de lei com sugestões apresentadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para ampliar as atribuições da autarquia no combate aos bets irregulares. Ao Tele.Síntese, a parlamentar disse que o protocolo pode ocorrer ainda antes da conclusão dos trabalhos do colegiado, prevista para o final do primeiro semestre de 2025. 

Em paralelo, a senadora busca apoio do Ministério da Fazenda para incluir as demandas da Anatel em eventual Medida Provisória que venha a editar novas regras contra os sites e aplicativos de apostas irregulares, antecipando a alteração. 

A ideia geral da proposição da Anatel foi detalhada nesta manhã em um depoimento à CPI prestado pela superintendente de Fiscalização da agência, Gesilea Fonseca Teles, representando o presidente, Carlos Baigorri. Busca-se alterar o Marco Civil da Internet (MCI) para que tanto o provedor de conexão à internet, quanto os responsáveis pelos demais serviços habilitadores de conectividade  –  como provedores públicos de serviços de domínio (DNS) e os provedores de rede de distribuição de conteúdo (CDN)  –  possam ser “responsabilizados civil e administrativamente”, prevendo a hipótese de punição em caso de descumprimento de “ordens administrativas”, ao lado do que hoje é previsto para a decisão judicial. 

“[O projeto] confere à Anatel uma competência para regular, fiscalizar e sancionar as empresas responsáveis pelos serviços habilitadores de conectividade. Precisamos ter essa alteração legal para poder atuar com maior eficiência”, afirmou Rosilea. 

A proposta é passível de adaptação, visto que pretende alterar o artigo 19 do Marco Civil da Internet, dispositivo que está em análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para a relatora da CPI, o debate na Corte não é um impeditivo para que a sugestão da Anatel seja apresentada como projeto de lei. 

8,5 mil bloqueios

Atualmente, a atuação da Anatel é limitada às prestadoras de serviço de internet,com isso, seu papel é cobrar dos entes regulados o cumprimento de ordens judiciais para o bloqueio do acesso a determinados endereços. 

De acordo com a Anatel, já houve mais de 139 ordens judiciais e o número de bloqueios chega a 8.560.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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